segunda-feira, maio 4
a tua cadeira
eu não sabia que a luz se podia sentar no teu lugar.
dei conta hoje, quando na tua cadeira pousou a primeira luz da manhã.
eu não sabia como somos tão iguais quando se trata do princípio da vida.
e não sabia, ainda, que os nossos sonhos jamais se poderiam fundir
apesar de, um dia – eu sei que sim – termos acreditado que nos daríamos paz.
quem diz paz, diz amor.
eu não sabia que poderíamos ter sido um do outro. um.
um farol, apesar das intermitências, é sempre um sinal.
e eu também não sabia.
eu não sabia que se fosse ilha, em vez do mar que a circunda
podia, ainda, estar dentro do teu peito.
às vezes penso que estou.
mas deixo de acreditar.
tal como um ateu diante da vida. tal como um milagre diante de um ateu,
eu não sabia que tu, um dia, poderias vir ao meu encontro
com vontade de dançar.
eu gostaria que em vez da luz no teu lugar, ainda fosses tu.
dei conta, hoje, quando no meu coração se sentou, para ficar,
tanta ternura vivida, tantos anos depois do amor.
do amor sem nenhum adereço.
do amor silencioso como espuma.
tão silencioso como a ausência de luz
na tua cadeira.
imagem: Ana Rita Carvalho
Etiquetas: cartas em vez de telegramas
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8 Comments:
Barbaridade...
Caiu sobre mim como uma flecha. Penetrou meus ossos, atingiu meu coração. Tão lindo, tão triste, tão repleto de esperança, tão maravilhosamente verdadeiro. Vai acompanhar o sono e os sonhos dessa noite. Obrigada.
há sempre (pelo menos) uma cadeira vazia nas nossas vidas. ausências com sabor
Belíssimo poema. Parabéns.
Perante esta brisa de sublimidade as palavras emudecem e eu... retiro-me com uma vénia, Senhora!
muito bonito...
csd
Tão lindo e tão triste!!!!
Cristina M.
Estou assim a modos que...arrepiado!
«eu não sabia que se fosse ilha, em vez do mar que a circunda
podia, ainda, estar dentro do teu peito.»
MUITO BELO!
PARABÉNS
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