terça-feira, maio 19
Deu-lhe a mais limpa manhã
Deu-lhe a mais limpa manhã
Que o tempo ousara inventar
Deu-lhe até a palavra " lã"
E mais não podia dar
Deu-lhe o azul que o céu possuía
Deu-lhe o verde da ramagem
Deu-lhe o sol do meio dia
E uma colina selvagem
Deu-lhe a lembrança passada
E a que ainda estava por vir
Deu-lhe a bruma dissipada
Que conseguira reunir
Deu-lhe o exato momento
Em que uma rosa floriu
Nascida do próprio vento
Ela ainda mais exigiu
Deu-lhe uns restos de luar
E um amanhecer violento
(Que ardia dentro do mar)
Deu-lhe o frio esquecimento
E mais não podia dar.
Carlos Pena Filho in Vertigem Lúcida,1958
imagem daqui
Etiquetas: Carlos Pena Filho, Poemas que sinto; Escritores
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10 Comments:
cansada de dar sem receber....
Quando somos incapazes de reconhecer o que nos é dado e insistimos em querer receber o impossível... um dia, presenteiam-nos com o esquecimento, pois nada mais há para dar.
e nesse dar se tem, se é, se vive, se faz, se quer, se dá e nesse dar dá-se outra vez.
beijinhos linda
um poema em que a tradicional rima é foneticamente muito agradável. gostei de ler este poeta que não conhecia. um beijinho, marta.
muito belo...para não variar...
beijos
csd
musical e belo. com o "perfume" dos antigos "rimances".
gostei muito
beijo
Absolutamente Dádiva!
Abraço, Marta
______ JRMARTO
Marta,
É a primeira vez que entro no seu blog.
De blog em blog cheguei ao seu.
Quanta coisa linda!
Sou brasileira e moro no Rio de Janeiro.
Quando li Carlos Pena Filho, adorei.
É para iniciados...
Sinto que temos muita coisa para falarmos.
Afinidades... muitas.
Um abraço,
Sonia
Sonia, obrigada :) e bem vinda!
obrigada a todos.
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