[...] Depois de ter estudado bem todas as gerações de palavras que o habitam, o adivinhador de passados, disse-me que tinha encontrado a solução. Desabraçar. Essa era a palavra para que jamais voltasse a dar um abraço inventado, numa pessoa inventada. E eu disse-lhe que isso era impossível, porque nunca tinha inventado um desabraço. E que me parecia absurdo. E que nem sequer nunca tinha visto ninguém desabraçar alguém. E ele riu-se. E autorizou-me a procurar a palavra para que acreditasse. E garantiu-me que só um beijo inventado não tinha solução. Porque a palavra desbeijar não existe. E perguntou-me se algum dia eu tinha dado um beijo inventado numa pessoa inventada. E disse-lhe que, antes de mais, ia procurar a palavra desabraçar. Desabonar; desabono; desabordar; desaborrecer; desabotoadura...[cont.]
quarta-feira, maio 13
Deve ter 237 anos [III]
Etiquetas: delírio agudo, estórias que escrevi
Subscribe to:
Enviar feedback (Atom)
6 Comments:
Esse adivinhador de passados é louco e sábio! Mas eu também não estou convencido de como se possa desabraçar alguêm! No entanto desbeijar acredito que é mesmo impossível!
Cada vez gosto mais destes delírios!
Beijo
Marta: Na sequência do comentário que dei xaste no blogue da nossa amiga Lídia, vim espreitar o teu blog. É um blogue muito interssante! Vejo que gostas de brincar com as palavras , em busca de sentidos, que fazem repensar a ordem das coisas. Parabéns !
Venho convidar-te para participar na blogagem. Certamente terás uma bela história de uma aldeia para partilhares connosco. Passa por lá a inscrever-te!
Conto contigo para mostrar a todos como as nossas aldeias são lindas!
Abraço, Susana
Já há um tempo que não te visito, pois tenho muito que fazer na escola, tem sido muito trabalho. Mas foi bom chegar hoje e ter um pedacinho desta intrigante e curiosa estória :)
beijinhos
Cristina M.
Desabraçar / Desbeijar
Só tu para te lembrares "disto"
Fico muda, a olhar, e... ...
Não consigo mesmo dizer nada. Talvez a minha cara, ...os meus olhos digam qq coisa
Bj
MB
Que delícia esse delírio. há coisas que deveriam ter o direito de serem desdadas, com certeza. Beijinhos
mas nunca os beijinhos!
csd
Post a Comment