«A peça – que é já um clássico da dramaturgia do século XX e legitimou Tennessee Williams (1911-1983) como um dos maiores autores norte-americanos – retrata o confronto entre os valores tradicionais dos Estados norte-americanos do sul e o materialismo agressivo da América moderna.
A história é conhecida e tem sido profusamente encenada: Blanche Dubois, uma frágil e solitária mulher sulista que perdeu já o fulgor da juventude e tudo o resto que tinha, vai visitar a irmã, Stella (Lúcia Moniz), que vive num bairro pobre de Nova Orleães, acabando por entrar em confronto com o marido desta, Stanley Kowalski (Albano Jerónimo), um homem rude que lhe provoca simultaneamente desejo e repulsa.
Encenada por Diogo Infante, director artístico do D. Maria II, Alexandra Lencastre volta a pisar um palco após 12 anos de ausência, vestindo a pele de uma mulher de meia-idade, uma mulher em queda, que não quer ser exposta à luz «impiedosa» das lâmpadas e que afirma: «Eu, às vezes, digo umas mentirinhas. Mas afinal de contas, o encanto de uma mulher é 50 por cento de ilusão (…) Eu não quero realismo, quero magia. Às vezes, falseio um bocadinho a verdade, digo o que deveria ser a verdade».
Sobre a escolha da actriz para protagonizar esta peça, diz Diogo Infante que «era a personagem ideal» na altura certa.
«A Blanche é certa para a Alexandra, porque ela está numa fase da vida, como mulher e como actriz, em que atingiu um ponto de maturidade que lhe permite enfrentar uma personagem com a dimensão da Blanche, uma dimensão quase mítica, porque é uma personagem riquíssima, cheia de matizes, de contrastes, de ambiguidades e que só uma atriz com perfeito domínio da sua técnica e do seu ‘métier’ é que pode atacar de uma forma segura», defendeu.
«Tratou-se de conciliar duas vontades: por um lado, proporcionar à Alexandra um texto e uma personagem que a desafiasse e, por outro lado, eu poder rever um autor fantástico», disse o encenador.
Os atores José Neves, Paula Mora, André Patrício, Estêvão Antunes, Marques d’Arede e Sofia Correia completam o elenco desta peça, que estará em cena na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II até 31 de Outubro, de quarta-feira a sábado às 21h30 e ao domingo às 16h.»
Fonte: Lusa / SOL
8 Comments:
Passei para te deixar meu carinho e te desejar um maravilhoso feriado Marta.
Beijo
Já somos dois!
(Gostei muito de ler a entrevista, no Y da passada sexta-feira, à Alexandra Lencastre.)
Espreitei. Fabulosa encenação. Quase cinematográfica. Hoje, ensaio aberto. Espreitem.
bela sugestão Senhor Anónimo, para quem não pode espreitar!
está em Lisboa, seguramente, para se dar a esses luxos :)
Eu tb gostei, Carlos. muito.
e sou fã da Alexandra Lencastre :)
Adorava Angélica, que fosse feriado, AQUI. já estaria em Lisboa :)
beijo
Oi Marta,
Adoro esta peça e o filme tb. Sobre as mulheres dizerem uma mentirinha de vez em quando', o poeta brasileiro Manoel de Barros, disse uma coisa muito linda: "90% do que escrevo é mentira, só 10% é ilusão". Há um documentário agora por aqui sobre ele. É um poeta lindo de seus 83 anos que mora no Pantanal Matogrossense. abçs
Carlos,
os seus comentários são caminhos :)
gosto muito de os ler e aprender.
abraço
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