domingo, novembro 6
...e nada interrompe a respiração do olhar.
Janela escancarada, emoldurada pelas dunas e a respiração das vagas; uma flor numa lata interrompe a liquidez do horizonte, para guardar as cores da tarde que me iluminam a noite
quando o frio se insinua sob as portas e adormece as garras do sono,
quando o vento se intromete entre o crepitar da lenha e o queixume das árvores,
quando uma laranja é toda a minha fortuna sobre a mesa,
quando ouço os gatos percorrem as veias do cio no telhado,
quando uma folha de papel me serve de refúgio e me devolve
ao efémero,
o silêncio cobre-nos como um manto de luz e nada interrompe a respiração do olhar.
Jorge Fallorca in A Cicatriz do Ar, pag. 78,
[...a apresentação, no Porto, é já no próximo sábado, na Gato Vadio...]
Etiquetas: Jorge Fallorca
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1 Comment:
LINDO!
P:
bjo
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