terça-feira, abril 14
Cotidiano nº 2
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: poemas, Vinicius de Moraes
domingo, abril 12
Dias de culto
imagem: Filipe Pereira
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
sábado, abril 11
Dádiva II
[a postar em condições adversas! depois conto! porque a rede falta a qualquer momento! deixo-vos com esta bela música que me acompanha em pleno parque natural do Douro Internacional...]
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: Antony and the Johnsons;musicas que ouço
sexta-feira, abril 10
Deve ter 237 anos [II]
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: delírio agudo, estórias que escrevi
quinta-feira, abril 9
A Páscoa pelos rituais
do seu sorriso.
Escrito/editado por Marta 18 Terráqueos
quarta-feira, abril 8
Deixa-me ser
Deixa-me ser assim só/ Ser nuvem, ser dó/Ser vento, ser norte/ Ser alma, ser sorte/ Ser dia nenhum/ Deixa-me ser margem/ Do rio que sou/ Ser rua estreita/ De qualquer viela/Ser barco à vela/ Do mar que não vejo
Imagem: Armindo Moreira
Escrito/editado por Marta 14 Terráqueos
Etiquetas: poemas
Um coelho - anão...é verdade!
[A partir de hoje, tudo pode acontecer! Cedi e, agora, pronto! Mas como não ceder a um pedido da E.? Não tenho blog e tal... (um sem-blog é como um sem-terra, já repararam, claro!) e preciso Marta querida, querida Marta (aqui eu ainda não sabia o que ela ia pedir, mas já tinha decidido que sim) que publiques este texto, no teu blog, que escrevi para o Alfredo, (eu pensei, assim, tipo, é uma carta de amor, apaixonou-se...) o coelho da minha irmã!!!! Ganhou um prémio e ela está tão feliz e... pronto. Como não publicar o texto sobre o Alfi... (para os amigos ) e ...pelos amigos! Sim. A partir de hoje tudo pode acontecer. Neste blog! Deixo-vos, com o texto da E.]
Agora, confesso-me, até eu gosto do Alfredo. Eu, que resisti a todas as suas tentativas de aproximação. Eu, que só não o comi, porque me restam alguns princípios e algum (pouco) bom senso. Eu, que numa tentativa de o diminuir, sempre lhe chamei rato – ou ratazana – às vezes. O Alfredo é um coelho. Um senhor coelho. Agora, o mais medalhado elemento da família F. Discreto, com gostos muito próprios e vincados por cabos e carregadores de telemóveis. É um coelho receptivo às novas tecnologias. Propenso a saltar para os teclados dos computadores e com as suas patinhas (sim, agora já não são patorras), a escrever frases inteiras de carinhos coelheiros. Eu, comum mortal da raça humana, não poderei nunca entender os seus saltos mortais para trás do sofá, ou o porquê de insistir em comer folhas de papel, cartão e fichas eléctricas. Tão pouco, o seu descontrole intestinal que chega a ser assustador. Intrigam-me também as suas poses de múmia, quando entra em transe e nem um tufão o faz mexer. Aliás, foi num desses seus momentos Zen, que a máquina fotográfica captou o instante que viria a ser premiado. Tenho tido vários arrufos com o Alfredo. Verdadeiros braços/patas de ferro. Ele, às vezes, irrita-me solenemente. Faz barulhos estranhos enquanto tento escrever. Olho para ele, enfurecida, e ele cala-se. Volto a escrever, e ele recomeça... Salta que é uma coisa louca! E, diga-se, só estou com ele aos fins-de-semana. A primeira vez que o vi, não consegui perceber muito bem onde começava e onde acabava. Ou melhor, qual era a parte dianteira e traseira. Talvez o problema não seja dele. Não deve ser de certeza. Até porque ele já ganhou um prémio de beleza e eu não. Apesar disso, temos algumas características em comum: somos Sagitários, somos roda baixa, gostamos de cenouras, gostamos de escrever, e a mãe dele até tem o mesmo nome que eu. O pai chama-se Patusco, o que me leva a crer, que terá também algumas semelhanças com o que o futuro me reserva. De resto, o Alfredo é o Alfredo. Um coelho-anão, que ontem conseguiu fazer-me rir quando a tarde ameaçava dilúvios. Alfredo, estou contigo! E faço o apelo: vamos eleger este coelho como o melhor do ano! Todos juntos, em nome desse sentimentalismo coelheiro que nos une, nesta altura da Páscoa! Bem haja ao Alfredo e à P., a minha mais preciosa caixinha de surpresas. E.
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: amizade
Dedicada ao Homem do Leme, Funes, o memorioso...
...isto porque os ovos Kinder são para quem os merece!
«E mais que uma onda, mais que uma maré.../Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé.../Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,vai quem já nada teme, vai o homem do leme.../E uma vontade de rir nasce do fundo do ser./E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,/a vida é sempre a perder...
Escrito/editado por Marta 6 Terráqueos
Etiquetas: musicas que ouço
terça-feira, abril 7
E o camião quase a chegar e a estória por escrever
E eu, sempre a olhar para o relógio, disfarçadamente, claro.O tempo a passar e eu sem nenhuma estória! E o camião quase a chegar e ninguém arredava o pé dali! E eu sempre muito angustiada! Como ficarias desiludido, António, se entrasses ali, naquele momento! Até eu estava estranha. Sem sapatilhas! Estava com aqueles sapatos que tu não gostas, porque fazem barulho!
Para me abstrair pensei no Antonejo, o caranguejo, no Ouré, o ouriço do mar, no Guiminho, o lobo marinho, na Mariela, a estrela do mar, no Tubarel, o tubarão brincalhão e na Francibela, a sereia! Pensei, ainda, na Benedita, a bruxinha que veio de Praga, de avião, porque tinha a vassoura avariada! Pensei no quanto ela gosta de cerejas! [Lembras-te? Comeu as dela e as do José...]. E no quanto eu gosto de ti – tanto, tudo, íssimo António - e nas coisas que me ensinas.
E no que sinto, quando me ensinas a ver, com o rosto emoldurado entre as tuas mãos, a pedir em silêncio, olha para mim!
Penso em todas as estórias e personagens das nossas brincadeiras para ver se o tempo passa mais depressa! [É engraçado António! Quando estou contigo, o tempo passa depressa de mais e, aqui, à volta de uma mesa, onde nunca chegam bolos de aniversário, o tempo emaranha-se e demora demasiado].
Estou apreensiva, António! Daqui a pouco, ouvirei o motor do camião, junto ao rio e temo não ter a estória pronta! Porque eles não saem daqui, António! Devem ter-se enganado, estes senhores das estratégias, das campanhas, dos investimentos e dos retornos!
Não vêem como tu vês! Não descobrem, como tu descobres!
- Sabes tia, eu já sei o que fazes no teu trabalho! Escreves estórias com uma caneta mágica que tem sempre tinta! Depois, vai lá um camião, todos os dias, buscar as estórias para as lojas, para os pais comprarem e lerem à noite!
Pois é António! Mas só tu sabes, meu amor! Só tu descobriste!
[parabéns pais!]
Escrito/editado por Marta 12 Terráqueos
Etiquetas: amor, os meus sobrinhos são genias
Um hemisfério numa cabeleira
Deixa-me respirar por muito, muito tempo, o odor dos teus cabelos, mergulhar neles todo o meu rosto, como um homem sequioso na água de uma nascente,e agitá-los com a mão como um lenço perfumado, para sacudir as recordações no ar. Se tu pudesses saber tudo o que vejo! Tudo o que sinto! Tudo o que ouço nos teus cabelos! Minha alma viaja sobre o perfume como a alma dos outros homens viaja sobre a música. Os teus cabelos contêm um sonho inteiro, cheio de velas e de mastros; contêm grandes mares cujas monções me levam para climas adoráveis, onde o espaço é mais azul e mais profundo, onde a atmosfera tem o perfume dos frutos, das folhas e de pele humana. No oceano da tua cabeleira, entrevejo um porto a formigar de canções dolentes, de homens vigorosos de todas as nações e navios de todas as formas recortando as arquitecturas finas e complicadas sob um céu imenso onde se pavoneia um calor eterno. Nas carícias da tua cabeleira, encontro os langores das horas passadas sobre um divã no camarote dum belo navio, embaladas pelo arfar imperceptível do porto, por entre os vasos de flores e as bilhas que refrescam a água. No lume ardente da tua cabeleira, respiro o odor do tabaco misturado com ópio e açúcar; na noite da tua cabeleira, vejo resplandecer o infinito do azul tropical; nas praias acetinadas da tua cabeleira, embebedo-me com os odores combinados de alcatrão, de musgo e de óleo de coco. Enquanto mordisco os teus cabelos elásticos e rebeldes, parece-me que devoro recordações.
Imagem: Molin Rouge
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: Charles Baudelair, Escritores, livros da minha vida
segunda-feira, abril 6
Onde se confessam os pianistas?
Ninguém haverá (se tem entendimento) que não deseje saber por que ajuntou a Natureza no mesmo instrumento as lágrimas e a vista; e por que uniu na mesma potência o ofício de chorar, e o de ver? O ver é a acção mais alegre; o chorar a mais triste. Sem ver, como dizia Tobias, não há gosto, porque o sabor de todos os gostos é o ver; pelo contrário, o chorar é o estilado da dor, o sangue da alma, a tinta do coração, o fel da vida, o líquido do sentimento.
Porque ajuntou logo a natureza nos mesmos olhos dois efeitos tão contrários, ver e chorar? A razão e a experiência é esta. Ajuntou a Natureza a vista e as lágrimas, porque as lágrimas são consequência da vista; ajuntou a Providência o chorar com o ver, porque o ver é a causa do chorar. Sabeis porque choram os olhos? Porque vêem.
Inês Pedrosa in A Eternidade e o Desejo, pag. 136, 137, Dom Quixote,2007
Texto a bold: fragmento discursos de Padre António Vieira
[para a minha querida E.]
Escrito/editado por Marta 12 Terráqueos
Etiquetas: Inês Pedrosa, livros da minha vida;Pe. António Vieira