segunda-feira, julho 27

À volta da abrótea


De A a Z. De Adelaide a Zaclis. Muitos à volta da abrótea. Dezanove, no total. A casa estava cheia de amigos, como eu gosto. Até os que não estavam, lá estiveram. Com a alma convertida num doce de bolacha. Ou nas entrelinhas dos livros ou, simplesmente, no nosso pensamento.
O pretexto [e o texto, também] foi o livro da Patrícia Reis, aquele onde a abrótea é recusada de forma expedita, depois da cozinheira “recolher como uma tartaruga.

Abrótea, não.”

Pois nós, gulosos, dissemos. Abrótea, sim.
Rolo de carne, sim; quiche de courgettes e queijo, sim; quiche de espinafres e presunto, sim; saladas, sim; patés e queijos, sim; sobremesas, pois claro; café e brigadeiros, sem dúvida!
E vinhos, obviamente, e até champanhe com gelado de limão.
Em voz alta, leram-se excertos do livro e conversamos e rimos e trocaram-se pontos de vista. E falamos de Sara e de Manuel Guerra como se fossem nossos conhecidos. E eram. Mais de uns do que de outros, é certo! Mas conhecidos.
E não conseguimos ficar No silêncio de Deus. De forma nenhuma! Estávamos todos muito animados.
O Ricardo teve a ideia: cada um escreveu num papel o nome de um livro que tivesse gostado de ler. Depois os papeis, dobrados, foram para um saco de onde cada um tirou o seu.
E a Gracinha sugeriu que em vez de ler o título do livro, o revelássemos através de metáforas até que adivinhássemos o nome da obra e do autor. E foi de rir, em muitos casos. E muito criativo, noutros!
E foi assim. Cada um falou um pouco do livro que tinha sugerido e do porquê da sugestão.
[E eu fiquei de enviar um e-mail a todos, com os livros e ainda não o fiz!]
Gostamos tanto de estar ali, juntos e ligados, como a maionese, na conversa que, em breve, a propósito de um outro livro, faremos outro jantar-tertúlia.
E eu, feliz por os ter ali, à volta da abrótea. Na minha casa.
[Para chegar a minha casa, eles sabem, toma-se o caminho do meu coração!]
Obrigada meus queridos. Muito. É muiiiiiiito bom estar convosco!
imagens: Zaclis Veiga

quarta-feira, julho 22

Abrótea à vista

Está tudo com a leitura em dia para o jantar-tertúlia-abrótea-com-maionese-de-toranja? Dia 25, às 20.30h.
imagem: César Augusto

terça-feira, julho 7

Afinal será dia 25 de Julho

Eu já tinha tudo apostos. Até as cadeiras de substituição! Até o meu No Silêncio de Deus já tinha saído do caos do escritório!
As toranjas, a amadurecerem na sala virada a sul. Para a maionese. Enfim!
A bela da abrótea não tinha de ir parar à minha cozinha, no próximo Sábado! [obrigada por me enviarem os números de telefone das peixeiras. mas fui à lota, a Matosinhos] Já tinha pensado na sobremesa: bolo de ameixa vermelha com gelado de baunilha [é que parece que toda a gente gostou, no passado Sábado] E, a entrada, também podia ser repetida: tarte de alho francês com presunto! Bem. Tudo isto para vos dizer que o jantar-tertúlia-abrótea-com-maionese-de-toranja foi adiado para 25 de Julho! Vamos acertar agendas, por favor! Não voltaremos a deixar a abrótea na lota :) tadinha!

Nota: entretanto, por estes dias tenho andado a ler as cartas da Patrícia Reis. Aqui. E ando preocupada. Comigo! Com esta minha queda para adorar cartas e e-mails que não são para mim! Deve ser porque eu, de facto, adoro receber cartas e e-mails a fazer de cartas. Deve ser porque desde que me conheço, adoro receber cartas. Deve ser porque a Patrícia Reis escreve cartas lindamente. Como a Sara escreve e-mails à Madalena... Deve ser.

domingo, junho 21

Queria tanto entender


« [...] No Santo Sepulcro não sentes nada. Eu não senti nada. As pessoas beijam uma lage que foi ali colocada no princípio do século XIX. Beijam a laje como se ela fosse o local exacto onde o corpo de Cristo foi depositado. Não acredito. As diferentes igrejas de índole cristã disputam o espaço do Santo Sepulcro, há uma custódia repartida, como se o espaço fosse uma criança e as igrejas os seus pais separados. Chamam-lhes Status Quo. Para que não haja lutas e desavenças as chaves do Santo Sepulcro, duas chaves, foram entregues a duas famílias muçulmanas há novecentos anos. Todos os dias, às cinco da manhã, abrem a porta velha e vão à sua vida, deixando os peregrinos e os padres fazerem a sua. Regressam às sete e fecham a igreja da discórdia.

É aqui também que se crê estar o Centro do Mundo, simbolizado por uma bacia com água. Olhei-a longamente e, aí sim, senti que perante aquela bacia tosca, de pedra velha, podia estar uma ideia maior que o Homem. O centro do mundo deveria concentrar tudo o que temos de melhor. Os turistas acotovelam-se para ver. Os franciscanos cantavam qualquer coisa. E eu fiquei ali. Queria tanto entender[...].Chegas ao Muro. Homens do lado esquerdo com os kippa na cabeça, mulheres do lado direito. As mulheres são muito novas. Andam de trás para a frente e enfiam o rosto no «Livro das Lamentações» e não lêem, debitam, e é um choro constante que impressiona e arrepia. Os cânticos fúnebres, kinot,enchem-me os olhos de lágrimas. Lembro-me da minha mãe. Saio da zona do Muro às arrecuas, para não ofender a Deus.

Deixo um recado no Muro. Trabalhei nele uma noite inteira. Não sabia o que dizer. Escrevi: Perdoa-me, devolve-me a paz que tinha quando estava no teu regaço, no seio da minha mãe. Deixa-me. Encontra-me. Não posso continuar assim. Ouve-me hoje. Ajuda.me amanhã. Não sei se acredito. Não te minto. Mas hoje ouve o meu coração e junta-o ao teu [...].

Nota 1.[excertos do e-mail que Sara envia à sua amiga Madalena, dando-lhe conta das suas impressões sobre o que viu e sentiu em Israel]

Nota 2. [livro a ler até 11 de Julho, data agendada para o jantar-tertúlia-abrótea-com-maionese-de-toranja. Senhoras e senhores é favor lerem :) Gracinha, eu já sei que o tens...alguém ofereceu ;)]

sexta-feira, junho 5

Private joke. Melhor: blague privée!

Querida Gracinha, o teu jantar de aniversário "obrigou-me" a mudar os planos de fim-de-semana! Mas os planos fazem-se para isso mesmo. Para os contornarmos, para os alterarmos, para os [des]planearmos. Em maré de surpresas: SURPRESA :) muitos, montanhas, paletes, resmas...! Ou pensas que eu me esqueço! ;)

segunda-feira, maio 11

As 3 super estrunfinas

Elas vestiram-se de azul! E a sorte não se fez rogada. A sorte e a competência técnica. Evidentemente! Mas nem a estrunfina é mais azul do que elas! Um dia, ainda vou saber falar de futebol como estas três grandes senhoras: Dalila, Sónia e Xana! Obrigada. Foi muito divertido! Aos estrunfes, também agradeço, claro :) Mas eles sabem sempre falar de futebol. De futebol e de... estrunfinas. De qualquer cor :)

domingo, maio 10

Em tons de azul e vento




Está uma ventania! A minha árvore, verde, verde dança. Sem sair do lugar. A empanada já está no forno. Tamanho XL. Deve estar quase pronta. Pelo aroma que sai da cozinha e chega aqui, ao escritório. Ainda somos bastantes! A maioria portistas. Ferrenhos. E, lá no meio, um sportinguista. Altivo. Lúcido. E sofredor! O jogo, como sabem, é mais logo. A cidade, não fosse o vento e, agora, a chuva, poderia ouvir-se respirar. Está tudo quieto. Ainda mais quieto do que num domingo qualquer. Daqui a pouco olhos postos na televisão. E eu, confesso, de olhos a cirandar de rosto em rosto. E de vez em quando na televisão. Mas o melhor do jogo, para mim, é a cara deles, as expressões deles e, claro, os comentários da minha querida Dalila! Eu gosto destes jogos. Que nos reúnem na casa mais quente que conheço. Mais uma vez. E sempre.
Depois, a cidade despertará. Confio. Em tons de azul e vento.
E chuva.
Adenda: afinal, no grupo, há um Vitoriano... de Guimarães. Convicto e com um excelente sentido de humor!
Adenda nº2: afinal as queridas Sónia e Xana também são um espanto, a comentar o jogo! O que eu aprendo com elas! mais azuis do que a estrunfina!
imagens: Cristina Bottallo

sexta-feira, maio 1

Para o diabo não entrar


Foi assim, à ultima da hora. O telefone toca e, então, que fazes. Nada de especial. E se fossemos jantar e fomos. Fomos ao Ernesto, na Rua da Picaria. E, sem marcação, estava mesmo ali uma mesa para dois, à nossa espera. Conversa, como as cerejas. Como sempre. Nunca nos falta. E no dia que nos faltar, um de nós morreu. É uma das cinco certezas da minha vida. Estreita e acolhedora, como a Rua da Picaria. Depois, mudamos de passeio e fomos ao Rosa Escura. E as Maias nas portas, e nas caixas de correio antigas. As que resistem. «Para o diabo não entrar». E sorrimos. Ainda não era meia-noite. Como manda a tradição. As giestas floridas, no coração da cidade, a repetirem gestos e crenças ancestrais. Como se tudo fosse um eterno retorno.
Bebemos chá, no Rosa Escura. E eu, armada em resistente, fiquei-me pelo chá. E não pedi a tarte de limão. Depois, chegou a Cláudia e as estórias da semana em Bordéus, no château. Para a semana, regressa. E haverá mais estórias divertidas sobre o Pavel, a Maria da Luz e o grupo que lhe calhou em sorte. E depois, levamos a conversa para casa. Para o sofá. E eu, a pensar na tarte de limão do Rosa Escura. Exactamente da mesma cor das giestas floridas na boca das caixas do correio. Sim, Oscar Wild, devia ter cedido!

imagem: daqui

domingo, abril 26

Trintinhas e trintões


Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos: conservar os velhos.

Elmer G. Letterman



E mais uma vez à volta da mesa. Tão bom. Tudo. Um jantar de trintinhas e de trintões. Eu explico: os trintinhas são os que ainda não passaram os trinta e cinco e, os trintões, são os que ainda não chegaram aos quarenta! A anfitriã, para além de excelente cozinheira é uma DJ fantástica. E depois do polvo [não, não é e depois do adeus] à lagareiro, do vinho de Tormes, do DIVINO bolo de chocolate com morangos - meu deus, como pequei - e do aveludado leite creme, café e bombons! A conversa, como sempre, animadíssima e, como sempre, quando se juntam velhos amigos, as recordações! Com banda sonora! Tipo discos pedidos. E as gargalhadas e o - não acredito, estamos velhos - andávamos no liceu! E ele a desafiar-nos a memória em notas soltas! Ora ouçam esta, o que é isto? E lá vinha outro não acredito!As músicas, maioritariamente dos anos oitenta, dominaram a noite! E recorremos ao youtube a ver o vídeo. Olha as roupas! Os penteados! A nossa vida está toda no youtube! Na net! É impressionante! Quase como se não precisássemos de genealogia para atestar a existência! Nem de genealogia, nem de bibliotecas! Arre, que é assustador! E depois, os filmes, os programas de televisão. Tudo em catadupa. Tudo a fervilhar. Desta noite, meus queridos, ainda vos voltarei a falar. Gracinha, meu amor, obrigada! Estava tudo delicioso! Até o chão :) Até o dia. Daqui a pouco.

quarta-feira, abril 22

Ao som de...

E proponho o jantar ao som de...Camera Obscura! [obrigada Gracinha!]

quarta-feira, abril 15

Poemas de jantar

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(...) Sou uma impudência
a mesa posta de um verso
onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Ora aí está: uma francesinha, uma stout [a minha cerveja preferida], e um excerto de A defesa do Poeta, de Natália Correia! Tão pouco! Para ser feliz! [por favor, ala privada, não perguntem pelos bróculos :)]

domingo, abril 5

Oito à volta da mesa

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O acordo não foi ortográfico! Foi gastronómico! E entrou em vigor ontem à noite, à volta de uma mesa para oito. Eu e o João, equipa portuguesa. A Zaclis e a Sonia [sem nenhum assento], equipa brasileira. Enquanto a música corre, da cozinha, saem, a bom ritmo, caipirinhas. Limas, morangos, cachaça, açúcar, gelo. A sala aquece. Voltada para o jardim. As entradinhas boca dentro. Isso é o quê? Prova. Prova. Hummmmm. Que delícia! Muito bom! E como se faz? As perguntas e as respostas. A explicação possível! Em busca de uma imagem que fosse buscar o significado ao outro lado do mar! Não pode ser! Chama-se assim?! E cá, como se chama? Nossa!
Eu e João, incumbidos de pôr na mesa pratos de sabor bem português. Já fizemos dupla na cozinha, de outras vezes. Desta, a responsabilidade pesa mais. É como mostar a cidade ao coração! Talvez!

A Zaclis à volta de uma torta Mineira! Uma aventura! De comer e chorar por mais! Que os brigadeiros já estavam a postos para o café! E a conversa ininterrupta noite fora. Quase a volta ao mundo numa noite! À volta de palavras, à volta de viagens, à volta de livros. Experiências. Estórias relatadas na primeira pessoa. A Prosa, Douro D.O. C, reserva de 2006, enchia os copos de pura poesia.«Cor grenat, aromas a fruta madura vermelha e com um elegante toque a madeira. Encorpado com taninos elegantes e com um final de boca rico e prolongado». Prolongado foi o serão e o remate com um Vinho do Porto, vintage, de 1988!

Tudo tão bom! A companhia excelente! A mim, soube-me a vida!