quinta-feira, dezembro 8
terça-feira, outubro 25
quinta-feira, maio 5
As amoras
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade
quarta-feira, abril 13
Os livros. A sua cálida...
Terna, serena pele. Amorosa
Companhia. Dispostos sempre
A partilhar o sol
Das suas águas. Tão dóceis
...Tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua branca e vegetal cerrada
Melancolia.
Amados
Como nenhuns outros companheiros
Da alma. Tão musicais
No fluvial e transbordante
Ardor de cada dia.
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 2 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade
quarta-feira, fevereiro 16
Que tempo é o nosso?
Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão.
Escrito/editado por Marta 2 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade
sexta-feira, novembro 26
Horas, horas, sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade, poemas
segunda-feira, outubro 25
O que respira em ti são os olhos
Eugénio de Andrade in Com Palavras Amo, pag.74, Instituto Cultural de Macau, 1990
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade, poemas
sexta-feira, outubro 8
Nos teus dedos nasceram horizontes
Nos teus dedos nasceram horizontes
e aves verdes vieram desvairadas
beber neles julgando serem fontes.
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade, Poesia
sábado, outubro 2
Procuro a ternura súbita
Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.
Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.
Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.
Eugénio de Andrade, in As Palavras Interditas
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade, poemas
segunda-feira, setembro 6
A boca
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.
Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 8 Terráqueos
Etiquetas: Eugénio de Andrade, poemas
segunda-feira, setembro 21
o poema de Eugénio
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Mas isso era no tempo dos segredos,
Não temos já nada para dar.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Escrito/editado por Marta 17 Terráqueos
Etiquetas: Escritores, Eugénio de Andrade, poemas
sexta-feira, agosto 21
O Porto é só uma certa maneira...
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: amigos, amizade, aniversários, Eugénio de Andrade, Poemas que sinto
quinta-feira, junho 4
Entre os teus lábios
Escrito/editado por Marta 10 Terráqueos
Etiquetas: Escritores, Eugénio de Andrade, Poemas que sinto