De bruços me debruço mais ainda
até sentir os olhos tumefactos
para saber até que ponto é linda
a intrigante cor desses sapatos
que às tuas pernas dão um brilho tal
e uma leveza tal ao teu andar,
que eu penso (embora aches anormal)
que nunca te devias descalçar.
Também porquê, se já não há verdura
nem tu és Leonor para correr
descalça, no poema, à aventura?
O mais difícil, hoje, é antever
quem é que vai à fonte em literatura
e que água dá aos versos a beber.
Joaquim Pessoa
[no dia em que o Poeta está de parabéns!]
Desviado daqui
terça-feira, fevereiro 22
...e uma leveza tal ao teu andar...
imagem:Richard Avedon
Etiquetas: Joaquim Pessoa
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3 Comments:
e a editora também, pela fotografia mais-que-perfeita para ilustrar o poema! :)
Por uma vez publica-se aqui um poema que tem, pelo menos, uma virtude: tem sentido, não é um mero conjunto de palavras alinhadas sem qualquer significado. Claro está que não é um grande nem eterno poema. Nem o pretende ser. É uma brincadeira que, como brincadeira, resulta bem.
Quanto à fotografia, tem que reconhecer-se que era difícil (quiçá impossível) escolher alguma mais adequada ao poema. Porém, a fotografia, em si mesma, não é uma grande fotografia. É demasiado pedante e artificial para ser uma boa fotografia. A culpa, claro está, é do fotógrafo e não da editora que, repito, não poderia com certeza ter escolhido outra mais significativa.
Sedutora fotografia...!
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