sexta-feira, junho 15

5 linhas ou menos


Ele deu-lhe um beijo na palma da mão esquerda. Porque na outra ela tinha flores. A palma da mão, da direita ou da esquerda, é um lugar tão invisível como o coração. Mas igualmente seguro, disse ele.
Ela concordava. Pela primeira vez concordaram.

pois!

a noite pede música

Anote aí na agenda, por favor.

quinta-feira, junho 14

Um dia ANTES em ponto


Como chamar a  uma pessoa que chega um dia antes, em ponto, ao encontro marcado?

quarta-feira, junho 13

a noite pede música

segunda-feira, junho 11

"A pessoa não é a cara que tem. É a vida."


"A pessoa não é a cara que tem. É a vida."


Morreu Maria Keil. Para mim é a  ilustradora do meu livro da escola primária. Tenho um carinho imenso pelos seus desenhos. O Palhaço Verde, por exemplo, a ilustrar o texto da Matilde Rosa Araújo, é um desenho para sempre na minha vida. Obrigada Maria Keil. Muito muito muito.

Ler aqui e aqui


domingo, junho 10

Dizem...


Dizem que temos valor, mas que nos falta dinheiro e união; e todos nos prognosticam os fados que naturalmente se seguem destas infelizes premissas.


Pe. António Vieira, Cartas [1670]

in Citações e Pensamentos de Padre António Vieira, Casa das Letras, 2010

porque sim



porque é Dia de Portugal...

sábado, junho 9

O valor...



O valor, o mais precioso dos valores humanos, o atributo sine qua non de humanidade, é uma vida de dignidade, não a sobrevivência a qualquer custo.

Zygmunt Bauman 



imagem: Andel Adams

Posso te contar uma história?

quinta-feira, junho 7

a noite pede música

Os Cavalos de Tarquínia



 
 
Sempre achei que mais ninguém o tinha lido, apesar de o ter emprestado e de nunca mais o reaver. Nunca soube se a Dona Isabel gostou dos Cavalos de Tarquínia. Também nunca mais soube dela. Guardo o seu silêncio, os seus cabelos grisalhos, o modo como atendia o telefone. Gosto de pensar que de mim, a Dona Isabel guarda bem o meu livro. O primeiro que li de Margarite Duras. Tinha 18 anos.


Mas sempre achei que mais ninguém o tinha lido, até há poucos minutos. Há poucos minutos eu disse - meu deus, os Cavalos de Tarquínia, Tiago! Disse alto como se o Tiago estivesse ali. E fui memória adentro . Como se todos os cavalos da memória fossem alados.

A Dona Isabel recostada na cadeira, a ler nos intervalos do silêncio do telefone.
Um silêncio muito diferente do seu.

Depois outra memória e ainda outra, mais clara, levou-me pelo tempo.

Perguntei-lhe, quando pediu Campari se tinha lido os Cavalos de Tarquínia. Disse-me que não. E acho que foi a partir daí que criei e mantive essa ideia de que mais ninguém o teria lido a não ser eu. Coisas que nos ficam até prova em contrário, como agora.
Naquela altura eu queria dizer -lhe o quanto tinha gostado do livro; o quanto tinha gostado da densidade, da espessura das personagens dos Cavalos de Tarquínia. Queria ter-lhe falado da vida e da morte. Queria dizer-lhe que quando li o livro eu já conhecia a dinastia dos reis etruscos, os últimos reis de Roma, e já imaginara histórias à sua volta, como imaginava histórias à volta dos seus olhos. Queria dizer-lhe que, entretanto, já tinha lido mais três livros dela. Queria dizer-lhe que se não fosse aquele primeiro livro, eu não teria sorrido quando ele pediu Campari. Muito provavelmente, nem saberia da sua existência. Queria muito dizer-lhe que o Campari era só uma gota de água no meio daquela praia simbólica cheia de personagens que falavam muito. Algo que me ficou pelo simples facto do cenário ser soberbo. Não estou certa, agora, se no livro se na minha imaginação. Queria ter dito que gostava de visitar Tarquínia. Com ele, de mãos dadas, mesmo que o amor pudesse ter o travo acidulado do Campari, que tinha acabado de provar nos seus lábios. Mas não disse nada do que queria dizer.

De qualquer forma, enquanto ele falava eu pensava em como gostava de lhe falar destas coisas. Das descobertas que fazemos quando lemos, do calor que sentimos, mesmo quando os dias não pedem Campari, mesmo quando dentro do livro, não estão 47 graus. Acho que eram 47.

Principalmente queria dizer-lhe que tinha descoberto os Cavalos de Tarquínia com Marguerite Duras. Pequenos cavalos esculpidos nos túmulos etruscos que se fizeram título de um livro que me chegou às mãos sem que eu o procurasse. E aproveitaria para lhe dizer que gostava de etruscos e da cultura etrusca. Da cerâmica, das esculturas, das jóias e, essencialmente, do alfabeto por descodificar. E do fulgor desta história, agora, tão longínqua.

a noite pede música

Manjericos de papel


Na papelaria Fernandes, no Chiado, descobri a Rita Vaz. Ou melhor, os seus manjericos em origami.
E fiquei encantada. E pensei na Leila. E na Zaclis. E no São João. E na noite que se acende nesse dia, na minha cidade. 

O grande Gatsby


«De cada vez que te apetecer criticar alguém […] lembra-te sempre que nem toda a gente neste mundo gozou algum dia das vantagens que tu tens tido.»

Francis Scott Fitzgerald


...um mistério...



Impertinências

Na mesa ao lado,


um jardim de senhoras ao domingo,

associadas na ordem da má-língua

e do chá com limão,

num café de inverno, pela tarde.



Queixam-se deste tempo, bebem, fumam,

discutem seus segredos, concordam com sorrisos…



e de súbito param a olhar-te.



Despreocupada contas

― e no local a tua voz é como um sabre

que fere o inimigo ―

uma história de cama com detalhes hábeis,

uma maneira de sentir a vida

que penetra e dissolve

a luz de igreja,

a humilhação do frio nos joelhos,

os caixões fechados e as fotos do casamento.



Certo tipo de gente

sofre de invernia nos olhos,

conhece as geadas

que passam por baixo da porta,

uma porta de quarto,

ali onde a noite tem sempre

um cheiro a espera inútil,

e depois da espera aceitam-se as mentiras,

e a seguir o silêncio.



Nada deixam os anos na mesa do lado,

senão um murmúrio que envelhece e uma sombra

que cruza os lábios como uma cicatriz,

um rancor na epiderme da consciência.



A tua voz é alta e jovem

e vestida de festa, e quando se desnuda

faz com que o sol de inverno, comovido,

se detenha um instante para apoiar a fronte

nas vidraças do café.



Luis García Montero, Espanha (n. 1958), traduzido por Nuno Dempster.



[poema retirado daqui, graças ao Rui Almeida, a ligação para este caminho. obrigada]

A janela para a rua

A janela para a rua

Franz Kafka

Quem vive à parte, mas aqui e ali procura algo a que venha se ligar; quem busca, no que respeita às alterações do dia, do tempo, do trabalho e coisas afins, não mais que um braço eventual qualquer, em que possa se apoiar — esse não irá muito longe sem uma janela para a rua. E se assim sucede, que ele nada espere e apenas, como um homem cansado, alternando os olhos ...entre o céu e o público, chegue ao parapeito de sua janela — e mesmo que não queira e recline a cabeça para trás um pouco —, o arrastarão para baixo os cavalos, com o seu séquito de rodas e rumores, e assim, finalmente, até o interior mesmo da harmonia humana.
(Trad. Artur A. de Ataíde)

Das Gassenfenster
Franz Kafka

Wer verlassen lebt und sich doch hie und da irgendwo anschließen möchte, wer mit Rücksicht auf die Veränderungen der Tageszeit, der Witterung, der Berufsverhältnisse und dergleichen ohne weiteres irgend einen beliebigen Arm sehen will, an dem er sich halten könnte, — der wird es ohne ein Gassenfenster nicht lange treiben. Und steht es mit ihm so, daß er gar nichts sucht und nur als müder Mann, die Augen auf und ab zwischen Publikum und Himmel, an seine Fensterbrüstung tritt, und er will nicht und hat ein wenig den Kopf zurückgeneigt, so reißen ihn doch unten die Pferde mit in ihr Gefolge von Wagen und Lärm und damit endlich der menschlichen Eintracht zu.

Fonte: aqui

Poema

Uma pedra na cabeça da mulher; e na cabeça


da casa, uma luz violenta.

Anda um peixe comprido pela cabeça do gato.

A mulher senta-se no tempo e a minha melancolia

pensa-a, enquanto

o gato imagina a elevada casa.

Eternamente a mulher da mão passa a mão

pelo gato abstracto,

... e a casa e o homem que eu vou ser

são minuto a minuto mais concretos.



A pedra cai na cabeça do gato e o peixe

gira e pára no sorriso

da mulher da luz. Dentro da casa,

o movimento obscuro destas coisas que não encontram

palavras.

Eu próprio caio na mulher, o gato

adormece na palavra, e a mulher toma

a palavra do gato no regaço.

Eu olho, e a mulher é a palavra.



Palavra abstracta que arrefeceu no gato

e agora aquece na carne

concreta da mulher.

A luz ilumina a pedra que está

na cabeça da casa, e o peixe corre cheio

de originalidade por dentro da palavra.

Se toco a mulher toco o gato, e é apaixonante.

Se toco (e é apaixonante)

a mulher, toco a pedra. Toco o gato e a pedra.

Toco a luz, ou a casa, ou o peixe, ou a palavra.

Toco a palavra apaixonante, se toco a mulher

com seu gato, pedra, peixe, luz e casa.

A mulher da palavra. A Palavra.



Deito-me e amo a mulher. E amo

o amor na mulher. E na palavra, o amor.

Amo com o amor do amor,

não só a palavra, mas

cada coisa que invade cada coisa

que invade a palavra.

E penso que sou total no minuto

em que a mulher eternamente

passa a mão da mulher no gato

dentro da casa.



No mundo tão concreto.



Herberto Helder

...delicioso...

É nisso que eu creio.

Trecho da carta escrita por Franz Kafka a Oscar Pollak, em 1904


“Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Se o livro que estamos lendo não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos lendo? Porque nos faz felizes, como você escreve? Bom Deus, seríamos felizes precisamente se não tivéssemos livros e a espécie de livros que nos torna felizes é a espécie de... livros que escreveríamos se a isso fôssemos obrigados. Mas nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós. É nisso que eu creio.

5 linhas ou menos

 

No metro, em Lisboa, na estação do Chiado, enquanto caminhava, alguém se agarrou ao meu braço e disse: por favor, deixe-me ir aqui ao seu lado, enquanto passamos o viaduto. Tenho vertigens. E caminhamos, assim, até ao outro lado, estranhos e apavorados. Eu não tenho vertigens. Mas apavora-me andar de braço dado com quem não conheço.

...encantador...

...do genial Antonio Boffa

sábado, junho 2

Breve História da Alma



« Ao longo dos séculos, muitos tentaram perceber a essência da alma: para alguns estava acorrentada ao corpo, para outros era um espírito puríssimo; os seus traços conduziam à intimidade profunda do homem ou à sua consciência ou, ainda, ao seu cérebro. A investigação laica identificava-a com a psique ou com o sistema neuronal, a intuição religiosa percebia-a como um abismo de luz em que Deus se desvenda. Cada vez mais procurada, investigada, negada e afirmada, a alma continuou a escapar à imensa fila dos seus «buscadores», que povoaram a história da humanidade. Como sugere a origem do nome, ela é de facto semelhante ao vento (ánemos, em grego), algo que existe mas não se vê nem se toca; que nos roça, sacode,atormenta e penetra, mas escapa inexoravelmente à verdade material.

Gianfranco Ravasi quis repensar o que já tinha sido investigado e meditado durante a longa aventura do pensamento humano, a partir das culturas primitivas e das antigas civilizações do Egipto, Mesopotâmia, Índia e Arábia. E analisou as duas nascentes que alimentam o conceito ocidental de alma: as Sagradas Escrituras, em particular o Génesis, com o homem criado à «imagem de Deus», e a cultura grega com os mitos de Psique e de Orfeu, e pensadores como Platão, Aristóteles e Plotino. São muitíssimos os buscadores que Ravasi encontra: daqueles que pesquisaram a alma do ponto de vista teológico como os Padres da Igreja e São Tomás de Aquino, àqueles que a analisaram filosoficamente como Descartes, Hegel, Comte, Darwin, Popper, mas também a Freud e Jung, só para citar alguns.

Quando se chega ao fim destas reflexões, apercebemo-nos de que a história da alma coincide com a história do homem, criatura de Deus. Mas surge a dúvida de que a agitação febril da humanidade contemporânea não seja um avanço, mas um imperceptível retrocesso ou uma estranha ciranda girada sempre no mesmo espaço e que «a alma, com a sua fome de eterno e de infinito» seja o que, pelo contrário, nos obrigará a avançar «sempre em frente».
 
Daqui

a noite pede música

Anjos Hoje


"A 11 de maio inaugurou a exposição temporária Angelorum. Anjos em Portugal

Angels in Portugal, pela qual se contam quase mil anos da representação do anjo na Arte em Portugal.

Hoje inaugura a exposição temporária Anjos Hoje, que apresenta os anjos de Paulo Neves e Catarina Machado."  A não perder, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães.

...acontece...

domingo, maio 27

A filha fizera uma boa escolha...



Astrid Lindgren sempre disse que o nome Pipi das Meias Altas fora uma invenção da filha, que tendo adoecido gravemente, lhe pedira que contasse uma história: "Conta a da Pipi das Meias Altas!".



A filha fizera uma boa escolha. "Pipi" em sueco, significa "maluqueira" e a palavra para "meias altas" (langstrump) corresponde a um trocadilho grotesco com "meias azuis" - expressão com que outrora se pro...curava denegrir as mulheres cultas, amantes da literatura e até escritoras. Em 1887, o poeta e dramaturgo alemão Oskar Blumenthal dedicou-lhe um poema cujo título é "Blaustrumpfe" (meias azuis) e do qual constam os seguintes dois versos: "As mulheres não devem dedicar-se à poesia,/ mas antes tentarem ser elas próprias poemas.» O conceito, ao qual se atribui diversas origens, remonta ao século XVIII e teria nascido no salão londrino de Lady Montagu, que aí costumava partilhar os seus gostos literários com as amigas. Nesses encontros participavam também alguns homens, entre os quais um que, não podendo dar-se ao luxo de usar as meias pretas de seda condizentes com o traje de soirée, se apresentava com meias azuis. Os participantes nessas reuniões passaram, desde então, a ser conhecidos por "blue-stockings".

(...)

A Pipi das Meias Altas nasce, pois, em 1941. Em 1944, Astrid Lindgren escreve as primeiras histórias protagonizadas pela personagem. A editora Bonnier, a quem a autora, gracejando, pedira para "não alarmar o órgão oficial da juventude", recusou o manuscrito; no ano seguinte, a escritora ganharia com ele o primeiro prémio num concurso e as histórias foram publicadas.



Stefan Bollmann in Mulheres que escrevem vivem perigosamente, pag. 78, Círculo de Leitores, 2007



fotografia: Astrid Lindgren por Ulla Montan

...aquele palavrão...

porque sim

quinta-feira, maio 24

A importância dos miosótis



Amanhã assinala-se o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas – 25 de Maio. Este dia tem como símbolo a Flor de Miosótis, popularmente conhecida por “Não Me Esqueças” tendo como propósito sensibilizar e espalhar uma mensagem de esperança, a nível nacional e internacional para com as famílias que vivem este drama.

Este ano o Instituto de Apoio à Criança associa-se à campanha europeia, promovida pela MCE, de que faz parte a apresentação de um filme, de 30 segundos, que passará em todos os Países Europeus, no dia 25 de Maio, à mesma hora (em Portugal, às 9 horas), difundindo o Nº Europeu 116000 https://www.dropbox.com/s/rauxdgqx2coxsnf/Portuguese%20With%20LOGO.mov


quarta-feira, maio 23

porque sim

terça-feira, maio 22

...este mundo...

...a marcar na agenda...

Encontramo-nos lá!

Proteggi questo ufficio

a noite pede música

sábado, maio 19

Na Gare




Sigo neste comboio. Tu, querida,


Recorda-te das horas deliciosas
Que ambos passamos desfolhando rosas


                               Na taça do prazer.



- Oh! Sempre! Sempre!

E deu um nó no lenço

Para não se esquecer.


Gomes de Amorim

in Cem Anos de Caminho de Ferro na Literatura Portuguesa, 1956

aguarela: António Cruz

porque sim

Temos...



Temos que acreditar na utopia, porque a realidade é incrível...

Aristóteles
 
 
 
[obrigada Carlos Lopes]

sexta-feira, maio 18

O tal indicador...

a noite pede música

quarta-feira, maio 16

A poesia, tal como a entendo, é inútil.



A poesia, tal como a entendo, é inútil.


Para que terei então chegado aqui?

Novembro destruirá as passadas folhas, assim como a luz

dos teus olhos queimará as palavras que entoo.

Os rios secos de choro atravessam a planície

de um longínquo pais irrecuperável, a cuja memoria prendo

o pensamento. Uma secreta claridade se desprende dos

dedos da cobra, e os arbustos refugiara inquietantes ruídos

animais. Oh hábitos, calma tranquilidade que reina

nestes interiores domínios! Só o observador dos astros

se não distrai da sua nocturna actividade.

Quantos esforços involuntários o amor deixou

atrás de si, e só as mudas paredes do quarto lhes guardam

a distante recordação. Conjecturas, disposições, vagas

esperanças, tudo isso o tempo consome e gasta nas suas

mortais mandíbulas. Ninguém revelará a profunda exactidão

destes acasos. A loucura envolvera o que digo

em sucessivas camadas de pó e lama. A feminina deslocação

dos teus lábios afasta-se, e nem a obstinada suspeita

de um oculto desejo evita o progressivo esquecimento,

os traços do rosto a apagarem-se, o leve roçar dos cabelos

a flor da pele. Nem no poema te reconstituo, sólida

figura de carne e osso que outrora apertei. Ou antes:

quem tomará a sério a palavra de um distraído inventor

de silêncio? Bem te supus longe, envolvido nos abismos

e jogos de linguagem e de razão. A verdade e a mentira,

o desgosto e o humano pressentimento da alegria,

a tomada da vertigem ou as transitórias miragens

da ausente felicidade terrestre,

tudo me transmiti na ambiguidade da obscura passagem,

antes de me descobrir em direcção a nada,

a absolutamente nada, a menos ainda do que o decisivo instante

de coisa nenhuma.


Nuno Júdice in as palavras da tribo, pag.137, Quetzal/Altamira, 1985

porque sim



:"Esta história passa-se numa pequena vila, algures entre o Norte de África e o Médio Oriente. Desde sempre que as mulheres vão buscar água à fonte no topo da montanha, sob um sol escaldante. Até que Leila (Leïla Bekhti), uma jovem recém-casada, propõe às outras mulheres uma estratégia para conseguirem que os homens façam tudo para levar a água canalizada até à aldeia"

Um sorriso que passa?


Saber de ti…

Mas para quê?

O que eu penso é o que vale!

E se não fores como eu te julgo

ou como eu te vi,

que a tua boca não fale!


– O que tu és não me interessa, crê.


Bendigo o teu sorriso,

que veio encher o meu olhar de luz!

Mas para quê saber quem és

ou que destino te conduz?!…

Não sei a cor dos teus cabelos

conheço a tua boca apenas quando ri…


Não voltes mais!

Que a visão do teu sorriso

– sorriso de curvas ideais,

virá dulcificar

a agonia dos poentes

destes meus dias sem remédio,

longos, incoerentes,

e desiguais!


Judith Teixeira

Já imaginou filip...

Crónica Decorativa


A circunstância humana de eu ter amigos fez com que ontem me acontecesse vir a conhecer o Dr. Boro, professor da Universidade de Tóquio. Surpreendeu-me a realidade quase evidente da sua presença. Nunca supus que um professor da Universidade de Tóquio fosse uma criatura, ou sequer cousa, real .

O Dr. Boro — sinto que me custa doutorá-lo — pareceu-me escandalosamente humano e parecido com gente. Vibrou um golpe, que me esforço por desviar de decisivo, nas minhas ideias sobre o que é o Japão. Trajava à europeia, e, como qualquer mero professor existente da Universidade de Lisboa, tinha o casaco por escovar. Ainda assim, por delicadeza, dei-me por ciente, durante duas horas, da sua presença próxima.

Preciso explicar que as minhas ideias do Japão, da sua flora e da fauna, dos seus habitantes humanos e das várias modalidades de vida que lhes são próprias, derivam de um estudo demorado de vários bules e chávenas. Eu por isso sempre julguei que um japonês ou uma japonesa tivesse apenas duas dimensões- e essa delicadeza para com o espaço deu-me uma afeição doentia por aquele país económico de realidade. O professor Boro é sólido, tem sombra — várias vezes fiz com que o meu olhar o verificasse — e além de falar e falar inglês, coloca ideias e soluções compreensíveis dentro das suas palavras. A circunstância de que as suas ideias não comportam nem novidade nem relevo apenas o aproxima dos professores europeus, pavorosamente europeus, que conheço.

Além disto o professor Boro tem movimento, desloca-se, não sei como, de um lado para o outro, o que, feito perante quem sempre teve o Japão por uma nação de quadro, parada e apenas real sobre transparência de louça, é requintadamente ordinário e desiludidor.

Falávamos de política internacional, da guerra europeia, e fizemos várias incursões pelos vários fenómenos literários característicos da nossa época. A ignorância que o professor Boro tinha de futurismo foi a única benzina para a nódoa da sua realidade moderna. Mas há algum professor de alguma Universidade da Europa que siga de perto os movimentos da arte contemporânea?

Dados os factos que venho explicando, compreende-se que eu fosse avaro de o interrogar sobre o Japão. Para quê? Ele era capaz de atirar para dentro da minha ignorância uma quantidade de cousas falsas. Quem sabe se ele se atreveria a insinuar pela conversa fora, como cousa normalmente acreditável, que no Japão há problemas económicos, dificuldades de vida para várias pessoas, cidades com lojas reais, campos com colheitas como as nossas, exércitos realmente parecidos com os da Europa e com execráveis aperfeiçoamentos científicos para guerras em verdade contemporâneas? Daqui ele não hesitaria talvez em me afirmar — com que cinismo nem eu meço — que no Japão os homens têm relações sexuais com as mulheres, que nascem crianças, que a gente de lá, em vez de estar sempre vestida como as figuras da louça japonesa, despe-se e veste-se como se fosse europeia. Por isso não tratámos do Japão. Perguntei ao professor se ele tinha tido uma boa viagem, e ele caiu em dizer-me que não — como se um estudioso como eu da porcelana nipónica pudesse admitir que há más viagens para os japoneses, que — delicioso povo! — nem sequer se dá ao trabalho de existir. As chávenas partem-se, não comportam tormentas. A frase «uma tempestade num copo de água» ou «numa chávena», como dizem outros, é puramente europeia.

Uma frase houve (casual, quero crer, no professor Boro) que me magoou mais do que outra.

Falávamos — eu, é claro, com o desprendimento com que se tratam estes assuntos feéricos — da influência dos mecanismos sobre a psicologia do operário, quando se sabe — claro está — que o operário não tem psicologia. E o professor referiu-se aos progressos industriais do Japão e acrescentou umas palavras, que me esforcei com metade de êxito para não ouvir, sobre (creio) movimentos operários no Japão e um fuzilamento (suponho) de não sei que chefe socialista. Eu há tempos — numa coluna sem dúvida humorística de um diário — vira em um telegrama de Tóquio constando qualquer cousa nesse tom; mas, além de não crer que de Tóquio se mandasse telegramas — visto Tóquio não ter mais do que duas dimensões —, ninguém que como eu tenha estudado a psicologia japonesa através das chávenas e dos pires admite progressos de qualquer espécie no Japão, indústrias japonesas, movimentos socialistas e chefes socialistas, ainda por cima fuzilados, como quaisquer europeus que vivem. Quem como eu conhece bem o Japão — o verdadeiro Japão, de porcelana e erros de desenho — compreende bem a incompatibilidade entre o progresso, indústria e socialismo, e a absoluta não existência daquele país. Socialistas japoneses! uma contradição flagrante, uma frase sem sentido, como «círculo quadrado»! Se nem o inexistente estivesse livre do socialismo! Aquelas figuras deliciosas, eternamente sentadas ao pé de casas do tamanho delas, à beira de lagos absurdos, de um azul impossível, aquém de montanhas totalmente irreais — essas maravilhosas figuras, com uma perfeita e patriótica individualidade japonesa, não pertencem decerto ao horroroso mundo onde se progride, e onde sobre o artista desabam a morbidez do produtivo e a barbárie do humanitário.

E vem querer tirar-me estas convicções o professor Boro, da Universidade de Tóquio! Não mas tira. Não é para ser enganado pela primeira realidade que se me atira aos olhos que eu tenho gasto minutos distensos na contemplação científica e estéril de bules e chávenas japonesas. O mais provável, a respeito deste Boro, é que nascesse em Lisboa e se chame José. Do Japão, ele? Nunca.

Se ao menos achei japonesa a sua cara? Absolutamente nada. Basta dizer que era real e existiu ali diante de mim, duas dolorosas horas, em plena ocupação inestética de todas as dimensões aproveitáveis (felizmente só três) do espaço autêntico. A sua cara parecia-se, é certo, com certas fotografias de «japoneses» que as ilustrações trouxeram há anos, e de vez em quando reincidindo trazem; mas toda a gente que sabe o que é o Japão por nunca lá ter ido, sabe de cor que aquilo não são japoneses. E, de mais a mais, essas ilustrações eram principalmente de generais, almirantes, e operações guerreiras. Ora é absolutamente impossível que no Japão haja generais, almirantes e guerra. Como, de resto, fotografar o Japão e os japoneses? A primeira cousa real que há no Japão é o facto de ele estar sempre longe de nós, estejamos nós onde estivermos. Não se pode lá ir, nem eles podem vir até nós. Concedo, se me forçarem a isso, que existam um Tóquio e um Iocoama. Mas isso não é no Japão, é apenas no Extremo Oriente.

O resto da minha vida, doravante, será escrupulosamente dedicado a esquecer o professor Boro e que ele — impronunciável absurdose sentou na cadeira que está agora, na realidade de madeira, defronte de mim. Considero doentio esse facto, alucinatório talvez, e entrego-me com assiduidade a não me lembrar dele mais. Um japonês verdadeiro aqui, a falar comigo, a dizer-me cousas que nem mesmo eram falsas ou contraditórias! Não. Ele chama-se José e é de Lisboa. Falo simbolicamente, é claro. Porque ele pode chamar-se Macwhisky e ser de Inverness. O que ele não era decerto era japonês, real, e possível visitante de Lisboa. Isso nunca. Desse modo não havia ciência, se o primeiro ocasional nos viesse negar o que os nossos estudos assíduos nos fizeram ver.

Professor Boro, da Universidade de Tóquio? De Tóquio? Universidade de Tóquio? Nada disso existe. Isso é uma ilusão. Os inferiores e cábulas de nós construíram, para se não desorientarem, um Japão à imagem e semelhança da Europa, desta triste Europa tão excessivamente real. Sonhadores! Alucinados!

Basta-me olhar para aquela bandeja, pegar cariciosamente com o olhar naquele serviço de chá. Depois venham falar-me em Japão existente, em Japão comercial, em Japão guerreiro! Não é para nada que, através de esforços consecutivos, a nossa época ganhou o duro nome de científica. Japoneses com vida real, com três dimensões, com uma pátria com paisagens de cores autênticas! Lérias para entretimento do povo, mas que a quem estudou não enganam...

Fernando Pessoa



[com um imenso obrigada ao Manuel Carlos]

a noite pede música

Foi franco e isso é para mim o essencial.


Tinha na algibeira uma carta de Marco, a sua primeira carta:
«Querida Han Suyin», escrevia-me «achei-a encantadora e gostaria de a tornar a ver...»

(...)

Sentámo-nos nos tamboretes de bar de couro vermelho e o patrão cumprimentou-nos. Marco tomou um pink-gin e eu pedi um Martini.

- Espero que a minha carta não a tenha chocado - disse Marco.

- Surpreendeu-me, por ser tão directa, mas de maneira alguma me ofendeu. Era a melhor forma de se exprimir se realmente queria jantar comigo.

- Poderia ter-me achado impertinente.

- Não. Foi franco e isso é para mim o essencial.

Han Suyin in A colina da saudade,  pp.31-32, Círculo de Leitores, 1973


Han Suyin by Ida Kar

A many-splendoured thing


"Escreverás tu algum dia um livro a meu respeito?", perguntou-me Marco. Era a pausa depois do amor. Estávamos estendidos entre as altas ervas, na encosta da colina, aquecidos por um generoso sol. O céu, por sobre as nossas cabeças, estendia-se até ao infinito. Rochas de granito, fetos e mirto anão por todos os lados nos envolviam. E o mar azul, enrugado, solitário, sem uma única vela na infindável tarde primaveril começava mesmo ali, no sopé da colina.

Falávamos calmamente libertos de nós próprios. Palavras prudentes, circunspectas. Falávamos daquilo que nesse momento não tinha poder para nos causar sofrimento. Lucidamente especulávamos sobre a ausência, sobre a nossa separação, sobre os nossos universos que se fragmentavam mais e mais. Em nossas vozes desincarnadas e calmas assumíamos a palavra que só emerge nos humanos após o amor.
"Pode ser que venha a escrever qualquer coisa a teu respeito, mas não por agora. Neste momento a alegria que há dentro de mim é tão grande que me contento com vivê-la; o saber-te sempre presente em mim enche-me de alegria. Se tu me deixasses, então talvez, e mesmo por outra razão, talvez pudesse escrever um livro a teu respeito."
"E que outra razão poderias tu ter?"
"A necessidade de comer. Não hesitaria em vender a minha alma para comer. Considero a tigela de arroz o mais respeitável móbil do mundo. Por ele é justo fazer seja o que for. Lançar uma parcela da minha alma às multidões em troca de arroz e vinho não se me afigura sacrilégio."
"Se desejas, bem-amada, negociar com uma ardente paixão", disse Marco, alisando-me as sobrancelhas com o dedo, "é preciso que o faças antes de me teres esquecido completamente, visto que tanto detestas o perfume das recordações".
"Aí está a razão por que escreverei. Desenterrarei todas as minhas impressões, as minhas recordações, porque sou uma profanadora nata. E fá-lo-ei antes que o amor que te tenho desapareça tão inelutavelmente como a maré que deixa a praia molhada, juncada de inúteis destroços, antes que a natureza implacável feche a ferida que me tiveres feito e falsifique a emoção das palavras que tivermos pronunciado. Antes que me seja preciso reabrir as cicatrizes para as fazer verter sangue, essas insensíveis cicatrizes da tristeza e da alegria. Contarei como nos amámos e como lutámos para não sermos destruídos pelos pequenos nadas da existência. E como eles nos destruíram e como nós os esquecemos. Tal como toda a gente.
Porque somos, nem mais nem menos que quaisquer outros, amantes efémeros e imperfeitos num mundo eternamente inconstante.
"Que retórica!", disse Marco. "Achas então que os outros sentem na sua carne tanto prazer e tanta felicidade como nós? Pensas seriamente que um tal amor possa ter fim? Pois eu não, não creio.
E olhou à sua volta, como se procurasse confirmação. Mas nada mais havia senão mirtos, altas ervas, fetos, a encosta, o mar, e nós, dourados pelo sol que nos banhava.
"Querido amor, mesmo as horríveis gentes barrigudas deste mundo supõem amar como nós e também para sempre. Todos os amantes têm a mesma ilusão: supõem-se, a si, únicos e as suas palavras imortais."
"Talvez não passe de uma ilusão", concordou Marco, "mas é a única verdade que tu e eu possuímos. Por conseguinte gozemo-la enquanto pudermos. Porque também pode ser, bem-amada, que tenhamos pouco tempo - muito pouco tempo - para nos amarmos."
E foram estas palavras as únicas verdadeiras que durante aquela tarde pronunciámos.

Han Suyin in A many-splendoured thing / A colina da saudade, edição portuguesa, Círculo de Leitores, 1973

segunda-feira, maio 14

a noite pede música

O teu nome chega devagarinho ...

O teu nome chega devagarinho como as músicas humildes


e das tuas mãos esvoaçam pombas brancas


Na minha recordação vestes sempre de branco

como as crianças no recreio que os homens olham de longe


Nos teus braços morre um céu e outro nasce da tua ternura

Quando estou pensando o carinho abre-se a teu lado como uma flor


Entre ti e o horizonte

a minha palavra é primitiva como a chuva e os hinos

Porque ante ti se calam as rosas e as canções.


Carlos Oquendo de Amat

tradução de Nicolau Saião

porque sim



Sit in Peace in Trafalgar Square with Thich Nhat Hanh - 31 March 2012

...em paz e silêncio...

«Vivemos numa civilização dominada por pensamentos, emoções e desejos prejudiciais que se traduzem num crescente mal-estar mental, existencial e social, numa galopante opressão económica e financeira, numa democracia dominada pelos grandes grupos económicos e pela finança internacional, na devastação do planeta, da biodiversidade e dos recursos naturais, na violência contra os homens, os animais e a Terra.


Um outro mundo é possível. Um mundo que se enraíza nas nossas mais profundas aspirações e onde florescem as melhores potencialidades do ser humano, a nossa natural vocação para a liberdade, a compreensão e o amor fraterno extensivo a todos os seres e a toda a Terra.

No dia 20 de Maio às 15h, este evento irá decorrer simultaneamente em várias cidades de Portugal, contando já com a participação de milhares de pessoas em Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria, Sesimbra, Sta. Maria da Feira, Braga, Funchal, Évora, Beja, Serpa, Setúbal, Ponta Delgada e outras cidades em vias de aderirem. Em Lisboa, convidamos as pessoas a sentarem-se durante uma hora no Rossio e de seguida faremos uma marcha até ao Terreiro de Paço, trazendo para a rua, num mundo violento e conturbado, a força da paz e do silêncio.

Conscientes do mundo que queremos, sentemo-nos todos em paz e silêncio. Caminhemos com esta serena confiança pela sensibilidade, pela sabedoria, pela não-violência exterior e interior.»

http://www.sentar-em-paz.com/

...pé ante pé...

...muito devagarinho...a primavera promete chegar.

domingo, maio 13

a noite pede música

A Virgem Santíssima




Num sonho todo feito de incerteza,

De nocturna e indizível ansiedade

É que eu vi teu olhar de piedade

E (mais que piedade) de tristeza...



Não era o vulgar brilho da beleza,

Nem o ardor banal da mocidade...

Era outra luz, era outra suavidade,

Que até nem sei se as há na natureza...



Um místico sofrer... uma ventura

Feita só do perdão, só da ternura

E da paz da nossa hora derradeira...



Ó visão, visão triste e piedosa!

Fita-me assim calada, assim chorosa...

E deixa-me sonhar a vida inteira!
 
 
 
Antero de Quental

sábado, maio 12

...momentos...

Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos




Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,

Sacode as aves que te levam o olhar.

Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.



Porque eu cheguei e é tempo de me veres,

... Mesmo que os meus gestos te trespassem

De solidão e tu caias em poeira,

Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras

E os teus olhos nunca mais possam olhar.


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, maio 11

a noite pede música

porque sim




Rui Lage e Rui Manuel Amaral lêem "A Ovelha Negra", de Augusto Monterroso.


Sábado, 12 de Maio, pelas 17h00, no Gato Vadio (Rua do Rosário, 281, Porto).

Publicada em 1969, A Ovelha Negra e outras fábulas, de Augusto Monterroso (Guatemala, 1921 - México, 2003), é considerado um dos clássicos da ficção breve universal. Recorrendo à forma da fábula, Monterroso percorre quer as reminiscências do fabulário da tradição ocidental, quer uma vasta série de tópicos de ordem ético-moral, filosófica, religiosa ou política, sempre com um tom muito original, entre o irónico e o sarcástico.

Hay mensajes cuyo destino es la pérdida




Hay mensajes cuyo destino es la pérdida,

palabras anteriores o posteriores a su destinatario,

imágenes que saltan del otro lado de la visión,

signos que apuntan más arriba

o más abajo de su blanco,

señales sin código,

... mensajes envueltos por otros mensajes,

gestos que chocan contra la pared,

un perfume que retrocede

sin volver a encontrar su origen,

una música que se vuelca sobre sí misma

como un caracol definitivamente abandonado.



Pero toda pérdida es el pretexto de un hallazgo.

Los mensajes perdidos

inventan siempre a quien debe encontrarlos."


R. Juarroz

...momentos...


 

E de súbito desaba o silêncio



E de súbito desaba o silêncio.

é um silêncio sem ti,

sem álamos, sem luas.


Só nas minhas mãos

ouço a música das tuas.

Eugénio de Andrade

a noite pede música

Será que existes, ou inventei-te dos pés à cabeça?


Vivi em ti durante todo este tempo - agora, que eu parto, com quem te pareces tu, verdadeiramente?
Será que existes, ou inventei-te dos pés à cabeça?

Virgina Woolf




terça-feira, maio 8

Dame la mano






Dame la mano y danzaremos;

dame la mano y me amarás.

Como una sola flor seremos,

como una flor, y nada más...

El mismo verso cantaremos,

al mismo paso bailarás.

Como una espiga ondularemos,

como una espiga, y nada más.

Te llamas Rosa y yo Esperanza;

pero tu nombre olvidarás,

porque seremos una danza

en la colina y nada más...


Gabriela Mistral

Durmo pouco...

Congresso Internacional Vergílio Ferreira

 
O CEFi - Centro de Estudos de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, organiza o Congresso Internacional “Da Ficção à Filosofia, no Cinquentenário de Estrela Polar e Da Fenomenologia a Sartre”, que decorrerá nos dias 17, 18 e 19 de maio, na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa. Para mais informações sobre o evento e inscrições, visite o blog do Congresso em http://vergilioferreira.blogspot.com/

terça-feira, maio 1

a noite pede música. [outra vez]



íssima. obrigada :)

De outro modo...


evidente.