segunda-feira, janeiro 31
Se numa noite de inverno um viajante
Arranja a posição mais cómoda: sentado, estendido, enroscado, deitado. Deitado de costas, de lado, de barriga. Na poltrona, no sofá, na cadeira de baloiço, na cadeira de praia, no pufe. Numa cama de rede, se tiveres alguma cama de rede. Em cima da cama, naturalmente, ou dentro da cama. Até podes pôr-te de cabeça para baixo, em posição de yoga. Com o livro virado ao contrário, bem entendido.
É claro que a posição ideal para ler nunca se consegue arranjar. Dantes lia-se de pé, diante de uma estante. As pessoas estavam habituadas a ficar de pé. Era assim que se repousava quando se estava cansado de andar a cavalo. A cavalo ninguém se lembrou alguma vez de ler; e no entanto agora essa de ler sobre o arção, com o livro pousado nas crinas do cavalo, se calhar até preso às orelhas com um adereço especial, é ideia que achas atraente. De pés nos estribos devia-se ficar com muita comodidade para ler; ter os pés soerguidos é primeira condição para desfrutar da leitura.
Bem, afinal de que estás à espera? Estende as pernas, estica também os pés numa almofada, em duas almofadas, nos braços do sofá, nas orelhas da poltrona, na mesinha de chá, na secretária, no piano, no mapa-mundo. Descalça primeiro os sapatos. Mas só se quiseres ficar de pés soerguidos, senão torna a calçá-los. E agora não fiques para aí de sapatos numa mão e livro na outra.
Regula a luz de modo a não te cansar a vista. Fá-lo já, porque assim que estiveres mergulhado na leitura, nem penses em mexer-te. Arranja-te de maneira a que a página não fique na sombra, um emaranhado de letras negras sobre fundo cinzento, uniformes como uma ninhada de ratos; mas tem cuidado para que não lhe bata de chapa uma luz demasiado forte e que não se reficta no branco cru do papel roendo as sombras dos caracteres como um meio-dia do Sul. Tenta prever tudo o que puder evitar-te o interromper da leitura. Os cigarros ao alcance da mão, se fumares, e o cinzeiro. Que mais é que falta? Tens de ir fazer chichi? Bem, tu é que sabes.
Não é por esperares alguma coisa especial deste livro em especial. És uma pessoa que por questão de princípios já não espera nada de nada. Há muitos, mais jovens que tu mas também menos jovens, que vivem na expectativa de experiências extraordinárias; dos livros, das pessoas, das viagens, dos acontecimentos, do que o dia de amanhã lhes reserva. Tu não. Tu sabes que o melhor que se pode esperar é evitar o pior. Foi esta a conclusão a que chegaste, tanto na vida pessoal, como nas questões gerais e até mesmo mundiais. E com os livros? É isso, exactamente porque o excluíste em todos os outros campos, achas que é justo concederes-te ainda este prazer juvenil da expectativa num sector bem circunscrito como é o dos livros, onde as coisas te podem correr mal ou correr bem, mas o risco de decepção não é grave.»
(…)
Se numa noite de Inverno um viajante [Se una notte d'inverno un viaggiatore], Italo Calvino (Tradução de José Colaço Barreiros, Ed. Teorema)
Desviado daqui
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domingo, janeiro 30
Uma voz na pedra
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
...Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
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sábado, janeiro 29
Lendas do Porto
«Amanhã, [HOJE] pelas 17 horas, JOEL CLETO, autor do livro «LENDAS DO PORTO» (Quidnovi), é o convidado da primeira sessão da III série da Comunidade de Leitores da Almedina do Arrábida Shopping. “Porto de Partida” é o mote para os debates e conversas das tertúlias da Almedina, num ambiente onde o Porto será sempre o pretexto para outras leituras, temas, lugares e reflexões. Apareçam!
SINOPSE «Lendas do Porto»
«Uma viagem pela História e Património da região do Porto a pretexto de mais de duas dezenas de lendas. Através destas páginas o leitor é convidado a (re)visitar monumentos como a Sé do Porto, a Torre de Pedro Sem, a Casa de Ramalde, a capela do Senhor da Pedra ou a igreja de Matosinhos. Mas também a contactar com personalidades históricas como o rei Ramiro, Zé do Telhado, Camilo Castelo Branco, D. Pedro IV ou o Infante D. Henrique. Aqui encontrará igualmente as explicações lendárias para a origem dos “tripeiros”, da associação da concha da vieira aos Caminhos de Santiago, ou de topónimos como Miragaia, Matosinhos ou Valongo.
Episódios fabulosos, transmitidos durante séculos através da oralidade, as lendas não deixam de encerrar pistas preciosas (por vezes as únicas que chegaram aos nossos dias) para a compreensão de muitos episódios históricos e para a génese de muitas localidades e seus monumentos.
Mas, para lá de lenda, o leitor encontrará também as respostas que, entretanto, a História e a Arqueologia encontraram para as dúvidas e questões que motivaram os nossos antepassados para as suas explicações lendárias».
Desviado daqui.
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Etiquetas: Comunidade de Leitores, Joel Cleto
sexta-feira, janeiro 28
Queridos terráqueos...
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Etiquetas: aniversários, obrigada
quarta-feira, janeiro 26
...mas eu apanhei-a a ler Sylvia Plath...
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Etiquetas: blogs que leio, Sylvia Plath
A vida é cheia de som e de fúria...
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Etiquetas: filmes, Woody Allen
Espólio de Sophia na Biblioteca Nacional
«O espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen será hoje oficialmente doado pela família da escritora à Biblioteca Nacional, em Lisboa, onde se inaugura também uma exposição sobre a sua vida e obra.»
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Etiquetas: notícias
terça-feira, janeiro 25
porque sim
[simples. hoje, às dez em ponto, vou conhecer "o homem dos seus sonhos"]
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segunda-feira, janeiro 24
Primavera primeira
desde o momento em que sorri e me sorriram
e é nesse lugar ínfimo que suspendo todas as palavras
que fecho os olhos e sinto a frescura de todas as águas
o oceano que cessa e atende o esvoaçar da primavera
é a primavera de todos os outonos
é aqui que em silêncio se bordam os calendários
dias entre dias e sobre dias e as memórias que escapam
e não mais se alcançam se não nos tornamos menores
- no futuro não há esquecimento nem segredos
cada coração guarda apenas o que for mais comum
Vasco Gato
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Etiquetas: poemas, Vasco Gato
...de sol...
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Etiquetas: amigos, aniversários
um movimento curioso

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Etiquetas: expressões idiomáticas, notícias
...qual quê?...
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Etiquetas: coisas minhas, notícias
Magníficas

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Etiquetas: blogs que leio, Cinema
sábado, janeiro 22
sexta-feira, janeiro 21
O segredo dos teus olhos
[ai se me apanho no sofá, enrrolada numa manta, lareira acesa e com este filme à frente :)]
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When I am inside the Music, I am safe...
Jessica Williams, texto publicado nas notas de Live At Yoshi's Volume Two
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Etiquetas: Jessica Williams, Músicas; blogs que leio
...a não perder...

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Etiquetas: Luigi Pirandello, teatro
quinta-feira, janeiro 20
Bach, Mozart e Vivaldi na prisão...
O Ensemble de cordas Música Esperança, vai levar aos reclusos música que passa pelo reportório de compositores mais afamados como Bach ou Mozart até outros menos conhecidos do público em geral como Henry Wieniasvsky.
O concerto será comentado. A vida atribulada dos compositores servirá de mote para um momento que se espera didáctico e de intervenção social.
O Ensemble Música Esperança faz parte da recém criada Associação Música Esperança de Portugal, cuja Associação mãe está sedeada em França e é liderada pelo reconhecido pianista franco-argentino Miguel Ángel Estrella.
Este ensemble é a parte mais visível da Associação Música Esperança de Portugal. Leva a música aos lares, prisões, escolas, hospitais e a todos os locais onde ela geralmente não chega. É também objectivo da Associação intervir junto de comunidades mais desfavorecidas, nomeadamente em Trás-os-Montes, fomentando o gosto e a prática da música.
A Associação Musica Esperança existe em 15 países da América Latina e Europa, é já uma Federação Internacional e - entre outras distinções - recebeu no ano passado o II Prémio UNESCO/Bilbau para a Promoção de uma Cultura de Direitos Humanos.
Miguel Ángel Estrella, mentor do projecto, foi preso e torturado nos anos 70 pela ditadura latino-americana pelo seu trabalho artístico e social junto das populações mais pobres. Miguel prometeu a si próprio que se saísse vivo da prisão ia criar uma associação para levar a música aos mais humildes, aos mais desamparados. Ia fazer da música um meio solidário, esbater o ruído da comunicação entre os ricos e pobres do mundo.
Nascia a Associação Música Esperança. E agora, neste inicio de ano de 2011, nasce em Portugal».
[Para mais informações, por favor contacte o número 91 225 69 77 ou 91 766 90 30, musicaesperacaportugal@gmail.com]
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Etiquetas: eventos
Eu sei, não te conheço mas existes.
por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.
[...]
Joaquim Pessoa
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Etiquetas: Joaquim Pessoa, poemas
quarta-feira, janeiro 19
...diz-me como a chuva...
[Well, talk to me like the rain and -- let me listen, let me lie here and -- listen ... [He falls back across the bed, rolls on his belly, one arm hanging over the side of the bed and occasionally drumming the floor with his knuckles. The mandolin continues] It's been too long a time since -- we levelled with each other. Now tell me things: What have you been thinking in the silence? -- While I've been passed around like a dirty postcard in the city ... Tell me, talk to me! Talk to me like the rain and I will lie here and listen.]
Tennessee Williams
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Etiquetas: Tennessee Williams
segunda-feira, janeiro 17
Chega-se a este ponto...
Em que apetece um ombro o pano de um teatro
um passeio de noite a sós de bicicleta
...o riso que ninguém reteve num retrato
Folheia-se num bar o horário da Morte
Encomenda-se um gin enquanto ela não chega
Loucura foi não ter incendiado o bosque
Já não sei em que mês se deu aquela cena
Chega-se a este ponto Arrepiar caminho
Soletrar no passado a imagem do futuro
Abrir uma janela Acender o cachimbo
para deixar no mundo uma herança de fumo
Rola mais um trovão Chega-se a este ponto
em que apetece um ombro e nos pedem um sabre
Em que a rota do Sol é a roda do sono
Chega-se a este ponto em que a gente não sabe
David Mourão-Ferreira
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Etiquetas: David Mourão-Fereira, poemas
há abraços que, às vezes, ficam por dar
imagem: Leila Pugnaloni
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Etiquetas: Desenhos; Leila Pugnaloni
Variação sobre rosas
Como as rosas selvagens, que nascem
em qualquer canto, o amor também pode nascer
de onde menos esperamos. O seu campo
é infinito: alma e corpo. E, para além deles,
o mundo das sensações, onde se entra sem
bater à porta, como se esta porta estivesse sempre
aberta para quem quiser entrar.
Tu, que me ensinas o que é o
amor, colheste essas rosas selvagens: a sua
púrpura brilha no teu rosto. O seu perfume
corre-te pelo peito, derrama no estuário
do ventre, sobe até aos cabelos que se soltam
por entre a brisa dos murmúrios. Roubo aos teus
lábios as suas pétalas.
E se essas rosas não murcham, com
o tempo, é porque o amor as alimenta.
Nuno Júdice
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Etiquetas: Nuno Júdice, poemas
domingo, janeiro 16
de resto, também dizemos coisas quando não as dizemos
chega de conversa, diria o meu avô aníbal. e teria razão. pescador toda a vida, apreendeu essas secretas passagens que o silêncio incute e promove. falar, afinal, não é matar de modo inconsistente todos os modos do sossego?
...
de resto, também dizemos coisas quando não as dizemos...
imagem: Luis Belrán
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Etiquetas: Escritores, Ondjaki
sábado, janeiro 15
...livros...
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Etiquetas: Jorge Fallorca
Cantar as Janeiras

Cansou-se a velha lua de sonhar
E, em se indo deitar, surgiu, depois,
Um sol que só nasceu pr`a vir espreitar…
Se me dóis mais ainda ao não cantar,
Que fazer se, por ti, me nascem sóis
E, enquanto me doeres, eles vão voltar?
Não cantaste as Janeiras… que me importa
Se, amanhã, me vieres bater à porta
Por sentires o vazio de uma saudade?
Olho o céu de Janeiro e fico absorta;
Nem uma estrela brilha, viva ou morta,
E tudo o que promete é tempestade…
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Etiquetas: Tradições
O regresso da Comunidade
A Comunidade de Leitores está de volta! É o terceiro ciclo. Mas o cenário não muda: Almedina do Arrábida Shopping. Nem o cenário, nem o dinamizador das tertúlias: Miguel Carvalho. Livros em volta. Olhares atentos. Mote: cidade do Porto.
«Aqui fica, pois, a lista definitiva dos participantes e as respectivas datas das sessões. Creio que os convidados garantem, pelo menos, uma ampla variedade de abordagens: da política à poesia, da religião às tradições populares, das memórias à escrita de um Porto sentido. Os interessados em participar devem fazer uma inscrição gratuita na Livraria Almedina do Arrábida Shopping».
Anotem, s.f.f.
Últimos sábados do mês – 17 horas
JANEIRO (dia 29)
JOEL CLETO
Livro: Lendas do Porto (Quidnovi)
FEVEREIRO ( dia 26)
RUI RIO
Livro: A Política In Situ (Porto Editora)
MARÇO (dia 26)
CARLOS TÊ / MANUELA BACELAR
Livro: Cimo de Vila (Afrontamento
ABRIL (dia 30)
D. MANUEL CLEMENTE (Bispo do Porto)
Livro: Porquê e Para Quê – Pensar com Esperança o Portugal de Hoje (Assírio & Alvim)
MAIO (dia 28)
FILIPA LEAL (+ sessão de poesia)
Livros: A Cidade Líquida e Outras Texturas, O Problema de Ser Norte e a Inexistência de Eva (Deriva Editores)
JUNHO (dia 25)
ALFREDO MENDES
Livro: Porto – Naçom de Falares (Âncora)
Fonte: aqui
imagem: Claudia de Sousa Dias
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Comunidade de Leitores, livros, Miguel Carvalho
...ser ou não ser feliz...
Não creio que se possa definir o homem como um animal cuja característica ou cujo último fim seja o de viver feliz, embora considere que nele seja essencial o viver alegre. O que é próprio do homem na sua forma mais alta é superar o conceito de felicidade, tornar-se como que indiferente a ser ou não ser feliz e ver até o que pode vir do obstáculo exactamente como melhor meio para que possa desferir voo. Creio que a mais perfeita das combinações seria a do homem que, visto por todos, inclusive por si próprio, como infeliz, conseguisse fazer de sua infelicidade um motivo daquela alegria que se não quebra, daquela alegria serena que o leva a interessar-se por tudo quanto existe, a amar todos os homens apesar do que possa combater, e é mais difícil amar no combate que na paz, e sobretudo conservar perante o que vem de Deus a atitude de obediência ou melhor, de disponibilidade, de quem finalmente entendeu as estruturas da vida.
Os felizes passam na vida como viajantes de trem que levassem toda a viagem dormindo; só gozam o trajecto os que se mantêm bem despertos para entender as duas coisas fundamentais do mundo: a implacabilidade, a cegueira, a inflexibilidade das leis mecânicas, que são bem as representantes do Fado, e cuja grandeza verdadeira só se pode sentir bem no desastre; é quando a catástrofe chega que a fatalidade se mede em tudo o que tem de divino, e foi pena que não fosse esta a lição essencial que tivéssemos tirado da tragédia grega; como pena foi que só tivéssemos olhado o fatalismo dos árabes pelo seu lado superficial.
Por outra parte, é igualmente na desgraça que se mede a outra grande força do mundo, a da liberdade do espírito, que permite julgar o valor moral no desastre e permite superar, pelo seu aproveitamento, o toque do fatal; não creio que Prometeu estivesse alguma vez verdadeiramente encadeado: talvez o estivesse antes ou depois da prisão; mas era realmente um espírito de liberdade e um portador de liberdade o que, agrilhoado a montanha, se sentiu mais livre ainda; porque podia consentir ou não no desastre, superá-lo ou não, ser alegre ou não. E este ser alegre não significa de modo algum a alegria daquele tipo americano de «Quebre uma perna e ria»; acho que eram muito mais alegres as pragas dos velhos soldados de Napoleão. No fundo é o seguinte: é necessário, ajudando a realizar o homem no que tem de melhor, que a mesma energia que se revelou pela física no mundo da extensão, se revele pelo espírito no mundo do pensamento e domine a primeira vaga de energia, como onda rolando sobre onda mais alto vai. E mais ainda: que pelo momento de infelicidade, o que não poderá nunca suceder no caso da felicidade, entenda o homem como as duas espécies ou os dois aspectos de energia se reúnem em Deus. Só por costume social deveremos desejar a alguém que seja feliz; às vezes por aquela piedade da fraqueza que leva a tomar crianças ao colo; só se deve desejar a alguém que se cumpra: e o cumprir-se inclui a desgraça e a sua superação.
Agostinho da Silva in Textos e Ensaios Filosóficos
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Agostinho da Silva
Na rota do chá
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: coisas minhas
sexta-feira, janeiro 14
Escrita criativa: turma do Porto
Primeira Sessão:Porque estamos aqui? Porque escrevemos? O que gostamos e o que não gostamos? Ler como função primordial de quem escreve. Exercitar a escrita como um pianista exercita todos os dias as teclas brancas e pretas. Talento sem técnica é como uma lâmpada fundida. Começar com uma descrição ficcionada de quem somos (texto de cada aluno, 20 minutos para o fazer). Partilha de textos. Um bom escritor será sempre um aprendiz. Seja auto-crítico (sem ser em excesso) e, ao mesmo tempo, capaz de perceber as criticas que lhe fazem. TPC: Com uma revista na mão escolher 8 personagens/imagens para que possam criar um texto.
Segunda Sessão:Leitura dos TPC (todos os trabalhos são fotocopiados e entregues aos alunos). Discussão sobre cada texto numa vertente positiva: crítica construtiva. Recomendação de leituras. Exercício curto para fazer na aula a partir de um clássico, escolher um mito/conto infantil/ clássico e modernizá-lo. Observar e escrever assumindo a condição de larápio da vida, basicamente é isso que faz um escritor. O mercado editorial. As vantagens e desvantagens dos exercício da escrita partilhada em blogues e sites. TPC: procurar um texto curto de que se goste, trazer para leitura e discussão.
Terceira Sessão:Ida à rua, para observar a rua, neste caso a praça Saldanha. A importância da pesquisa. Regresso para escrever em 20 minutos uma história. Leituras das histórias. Entrega das histórias que trouxeram para que os colegas levem para casa e possam ler. TPC: registar um sonho, recente ou antigo, dar-lhe uma roupagem de conto, encontrar o simbolismo. Dicas para bloqueios de escrita: reformular a ideia de ficção para uma ficção epistolar.
Discussão dos textos propostos pelos colegas. Exercício da aula, uma história sobre ou com o colega da frente em 20 minutos. Inspiração versus trabalho. Entrega de diplomas e de livros-prenda para todos os que participaram.
Materiais
Dicionário de sinónimos
De língua portuguesa
De mitologia
Gramática
Prontuário
Computador portátil
Folhas
Caneta
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: Escrita Criativa, Patricia Reis
Pudesse eu não ter laços nem limites

Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Etiquetas: Poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen
Correio azul
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Etiquetas: coisas minhas
O bandido que sabia latim

[...chegou ontem, querida Leila! Gostei muito, muito, muito. Fiquei feliz. Com a sua dedicatória - linda linda - e com a de Toninho Vaz. Obrigada. Mil obrigadas.
O BANDIDO QUE SABIA LATIM resgata a vida deste artista que foi hippie; professor de judô, História e redação; publicitário; inveterado conquistador e bebedor de vodca; marido de Alice Ruiz; gênio e doido; ídolo e mestre que deixou muita poesia e saudade para gerações de leitores. Antonio Carlos Martins Vaz (Toninho Vaz) nasceu a 2 de outubro de 1947, em Curitiba. É jornalista e roteirista de televisão. Começou escrevendo no Diário do Paraná, em 1969. Foi editor e colaborador de diversos jornais alternativos nos anos 70 e 80 - Anexo, Raposa, Polo Cultural, Pasquim, Nicolau. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1974. É casado com Naná Gama e Silva e tem uma filha, Maria Carolina.
Trabalhou como editor de texto na Rede Globo durante quatorze anos. De 1995 a 1998 viveu em Nova York. Atualmente mora em São Paulo.» Fonte: aqui
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Etiquetas: Desenhos; Leila Pugnaloni, livros que recebi, Paulo Leminski, Toninho Vaz
terça-feira, janeiro 11
Pensar é mais interessante do que saber...
Escrito/editado por Marta 14 Terráqueos
Etiquetas: Johann Goethe
segunda-feira, janeiro 10
M
M de:
Meus manos [lindos, lindos, parabéns!]
Mafalda [saudades, fada. muitíssimas]
Mesa [rodeada de amigos e um jantar que me soube pela vida]
Muito [stresse...ainda. e alguns mergulhos para relaxar]
Mefistófeles [há ainda quem não venda a alma]
Mais [amigos e um delicioso final de tarde chuvoso em Guimarães]
Manga [ao pequeno-almoço]
Mar [sempre. mesmo dentro do carro, quando "raining cats and dogs"]
Mitónimo [mito de tão fabulosas]
Mostarda [ no cachorro, mesmo à secretária, a correr]
Mapa [a ver se não me perco]
Murmurar [um nome]
Manilha [ não sei jogar esse jogo]
Momento [de lucidez]
Manjerico [desenhar aromas]
Mustelídeos [marta]
Matriz [fundamental]
Malangatana [arte]
Milagre [às vezes]
Maça [com romã, uma experiência bem sucedida]
Música [vitaminas]
Mudança [continua]
Mundo [nos teus olhos]
Modo [de não lembrar]
Montanhas [não se sobem com cordas partidas]
Miles [Davis]
Escrito/editado por Marta 8 Terráqueos
Etiquetas: coisas minhas
A Casa de Papel
Amiúde é mais difícil desfazermo-nos de um livro do que obtê-lo. Ligam-se a nós num pacto de necessidade e de esquecimento, como se fossem testemunhas de um momento das nossas vidas ao qual não regressaremos. Mas enquanto aí permanecerem, presumimos tê-los juntado. Vi que muita gente coloca a data, o dia, o mês e o ano da leitura; traçam um discreto calendário. Outros escrevem o seu nome na primeira página, antes de os emprestarem, anotam numa agenda o destinatário e acrescentam-lhe a data. Vi volumes carimbados como os das bibliotecas públicas ou com um delicado cartão do proprietário no seu interior. Ninguém quer extraviar um livro. Preferimos perder um anel, um relógio, o chapéu-de-chuva, do que o livro cujas páginas não mais leremos mas que conservam, na sonoridade do seu título, uma antiga e talvez perdida emoção.»
[Carlos María Domínguez, A Casa de Papel; trad. Henrique Tavares e Castro, ASA, (2.ª ed.) Maio 2010; ufff...]
Escrito/editado por Marta 2 Terráqueos
Etiquetas: blogs que leio, Carlos María Domínguez, Escritores, Livros que li
a noite pede música
[...fico à espera desse "baile à moda antiga" meus amigos... :))))]
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
domingo, janeiro 9
Poema transitório
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar...
Ah, como esta vida é urgente!
... no entanto
eu gostava era mesmo de partir...
e - até hoje – quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
Mario Quintana
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Etiquetas: Mário Quintana, Poesia
quinta-feira, janeiro 6
Glosa de "So we'll go no more a roving" de Byron
Não irei mais meu erro errando errante
Pela noite fora
Embora a lua brilhe tanto como outrora
Não cesse do amor a voz uivante
Que me devora
Pois o coração gasta o peito
E a espada gasta a bainha
O tempo rói o coração desfeito
E a alma é sozinha
Embora a noite sempre peça amor
E o dia volte demasiado cedo
E o luar corte como espada nua
Não irei mais em pânico e segredo
Sob a luz da lua
Sophia de Mello Breyner Andresen in Obra Completa, pag. 749, Caminho, 2010
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: poemas, Sophia de Mello Breyner Andresen