domingo, dezembro 29
Até os cacifos...
Cacifos Solidários na cidade
de Lisboa
uma iniciativa da Associação
Conversa Amiga
O
projeto consiste na produção e implementação de cacifos públicos cujos
destinatários serão as pessoas sem-abrigo da cidade de Lisboa. Estes
equipamentos visam permitir aos utentes do projeto guardarem os seus pertences
de forma segura e digna.
A organização para além de
colocar o projeto piloto a funcionar em Lisboa, quer expandi-lo para outras
cidades. Se quiser conhecer a opinião dos beneficiários pode ver o vídeo no
seguinte link:
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
António Lobo Antunes forever... sim, tipo tatuagem
Trata-as em diminutivo, assim por cima do ombro, as crónicas, "uns contitos", fragmentos, "aguarelazitas", "esboços", "fantasias", "palavrinhas", "pequeninos nadas", "piscinas para crianças" com água pela cintura e onde nunca se perde o pé. E, no entanto, é nas suas crónicas que tantas vezes António Lobo Antunes se revela e expõe de uma forma tão íntima - a ele e a nós, nos nossos pequenos devires de inseto, sempre a formigar na mesquinhez dos dias.
Mais velho de seis irmãos - gosta de se dizer "filho mais velho de dois filhos mais velhos" -, António Lobo Antunes lembra-se de quando eram pequenos: adoecia um, adoeciam todos. E o pai, "um pai muito pouco ternurento", médico anatomopatologista, ia até ao quarto dos seus rapazes, sentava-se numa das camas e lia-lhes poesia. Ou fazia com eles um jogo temível. Citava uma frase e eles tinham de acertar em quem a houvera escrito. Ou punha a tocar os primeiros acordes de uma sinfonia para os filhos lhe adivinharem a autoria. A VISÃO propôs a um dos escritores maiores da literatura mundial o mesmo jogo, um pouco perverso. Lançar-lhe algumas das frases que ele escreveu nas crónicas quinzenais desta revista (coligidas em Quinto Livro de Crónicas) e decifrar-lhe sentidos ocultos, escavar-lhe as profundezas e outros canais subterrâneos. "Isto é muito difícil, porque me faz perguntas e eu não tenho respostas, só ainda mais perguntas. E quando penso que tenho uma resposta, ela transforma-se numa pergunta dentro de mim... E a seguir a essa não resposta vem um vazio angustiado... Eu estou cheio de perguntas e cada vez tenho menos certezas. Penso que os livros vão ficar, mas o que passei nos últimos seis anos [com o cancro e a recidiva], fizeram-me questionar tudo e até estar-me nas tintas para que os livros fiquem ou não". "O que é que me interessa isso, se eu morro."
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar
(...) Quem me dera ter a certeza de tu teres saudades de mim a valer. Ao menos isso era uma consolação... Adeus; vou-me deitar dentro de um balde de cabeça para baixo, para descansar o espírito. Assim fazem todos os grande homens - pelo menos quando têm - 1º espírito, 2º cabeça, 3º balde onde meter a cabeça.
Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e muito teu
Fernando (Nininho)
5-4-1920
in Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz - Correspondência Amorosa Completa 1919 -1935, pag.81, Capivara, 2013
Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e muito teu
Fernando (Nininho)
5-4-1920
in Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz - Correspondência Amorosa Completa 1919 -1935, pag.81, Capivara, 2013
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
Há três maneiras de ensinar uma coisa a alguém:
Há três maneiras de ensinar uma coisa a alguém:
«Há três maneiras de ensinar uma coisa a alguém: dizer-lhe essa coisa, provar-lhe essa coisa, sugerir-lhe essa coisa. O primeiro processo é o processo dogmático; emprega-se legitimamente ao ensinar coisas sabidas e provadas a criaturas incapazes, por infância ou ignorância, de compreender as provas, se se apresentassem. Assim se ensina gramática às crianças ou aos pouco instruídos, sem entrar em explicações, que seriam inúteis e resultariam frustes, sobre os fundamentos lógicos ou filológicos da gramática.
O segundo processo é o processo filosófico; emprega-se legitimamente para transmitir a pessoas com plena formação mental certos ensinamentos, ou cientificamente assentes mas desconhecidos do discípulo, ou puramente teóricos e que portanto ele tem que compreender em seus fundamentos, para os poder criticar.
O terceiro processo é o processo simbólico; emprega-se legitimamente para transmitir a pessoas com plena formação mental ensinamentos que exigem a posse de qualidades mentais superiores ao simples raciocínio, e o símbolo é dado para que essa pessoa, recorrendo ao que nela haja de embrionário dessas qualidades, ao mesmo tempo as desenvolva em si e vá compreendendo, por esse mesmo desenvolvimento, o sentido do símbolo que lhe foi dado.
O primeiro processo dirige-se à memória e chama-se ensino; o segundo à inteligência e chama-se demonstração; o terceiro à intuição. A este terceiro processo chama-se iniciação.»
s.d.
In «Pessoa por Conhecer – Textos para um Novo Mapa» . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
«Há três maneiras de ensinar uma coisa a alguém: dizer-lhe essa coisa, provar-lhe essa coisa, sugerir-lhe essa coisa. O primeiro processo é o processo dogmático; emprega-se legitimamente ao ensinar coisas sabidas e provadas a criaturas incapazes, por infância ou ignorância, de compreender as provas, se se apresentassem. Assim se ensina gramática às crianças ou aos pouco instruídos, sem entrar em explicações, que seriam inúteis e resultariam frustes, sobre os fundamentos lógicos ou filológicos da gramática.
O segundo processo é o processo filosófico; emprega-se legitimamente para transmitir a pessoas com plena formação mental certos ensinamentos, ou cientificamente assentes mas desconhecidos do discípulo, ou puramente teóricos e que portanto ele tem que compreender em seus fundamentos, para os poder criticar.
O terceiro processo é o processo simbólico; emprega-se legitimamente para transmitir a pessoas com plena formação mental ensinamentos que exigem a posse de qualidades mentais superiores ao simples raciocínio, e o símbolo é dado para que essa pessoa, recorrendo ao que nela haja de embrionário dessas qualidades, ao mesmo tempo as desenvolva em si e vá compreendendo, por esse mesmo desenvolvimento, o sentido do símbolo que lhe foi dado.
O primeiro processo dirige-se à memória e chama-se ensino; o segundo à inteligência e chama-se demonstração; o terceiro à intuição. A este terceiro processo chama-se iniciação.»
s.d.
In «Pessoa por Conhecer – Textos para um Novo Mapa» . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
Escrito/editado por Marta 0 Terráqueos
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