sábado, abril 2

[S]hort [M]essage [S]ervice de utilidade pública

«a tua Agustina está, salvo seja, com 40% de desconto na FNAC de Santa Catarina. a tua Woolf
 também e Kafka na mesma situação. Lembrei-me de ti...»

terça-feira, março 29

...vou ali...

[...e volto dentro de uma semana ou mais!
...um pico de trabalho a exigir muito, muito equilíbrio e atenção
...e focus, marta, focus...
até lá!]

Workshop de fotografia

Por Humberto Almendra, fotojornalista, dia 2 de Abril, Ofir, Esposende

Plano teórico: Análise de imagens;Dissertação sobre os fundamentos básicos da fotografia;Esclarecimentos técnicos e teóricos  - “Encontra-te para encontrares as tuas imagens”
As diferentes visões sobre as imagens; A fotografia como expressão plástica e artística ; As teorias da imagem; O significado das imagens; O poder visual; O poder narrativo; O domínio da Luz; Saída para trabalho práctico no Parque Natural do Litoral Norte; Recomendações, conselhos técnicos e esclarecimento de dúvidas; Acompanhamento pessoal; Análise de trabalhos práticos; A edição o tratamento e a construção narrativa; Análise e crítica de imagens - “Como ir de uma fotografia a uma imagem”
Como construir um portfólio; Este workshop de curta duração, é especialmente recomendado para quem pretende adquirir os fundamentos básicos da fotografia e com isto redescobrir ou descobrir a motivação e a técnica que lhe permitirão obter resultados aceitáveis em qualquer situação de luz.
Mais informação: humbertoalmendra@gmail.com

efe

...de forte
[recaída]...

...não, não...
........................................de fada :) convém que seja de fada. ......................
[...porque de fácil não tem nada]

Viveu em tempos um pintor...

Viveu em tempos um pintor que nunca conseguia acabar de pintar uma


ave, fosse ela uma cegonha ou uma garça. Quando se preparava para dar

a última pincelada, ela levantava vôo.

E o pintor ficava muito tempo ainda a persegui-la com o pincel no céu

...azul...

Jorge de Sousa Braga

Eduardo Souto de Moura: prémio Pritzker

«O atelier do arquitecto Eduardo Souto de Moura confirmou ao PÚBLICO a atribuição do prémio Pritzker 2011, o maior galardão mundial na área da arquitectura.
"Durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura produziu um corpo de trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitectura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza, a ousadia e simplicidade - ao mesmo tempo”, pode-se ler no comunicado emitido pelo júri do prémio.".
Fonte: Público


imagem: R. Silva

segunda-feira, março 28

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!


[...]

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!

E quando o navio larga do cais

E se repara de repente que se abriu um espaço

Entre o cais e o navio,

Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,

Uma névoa de sentimentos de tristeza

Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas

Como a primeira janela onde a madrugada bate,

E me envolve com uma recordação duma outra pessoa

Que fosse misteriosamente minha.

[...]

Alvaro de Campos

a noite pede música

Fernando Pessoa, plural como o Universo

«Após uma temporada de grande sucesso no Museu da Língua Portuguesa a bela exposição em homenagem ao mais brasileiro dos poetas portugueses ficará em exibição no Centro Cultural Correios ( Rua Visconde de Iataboraí, no.20, Centro – Rio de Janeiro) entre os dias 25 de março e 22 de maio deste ano. A visitação é gratuita e poderá ser feita de terça-feira a domingo, sempre das 12h às 19h.

A exposição “Fernando Pessoa, plural como o Universo”, que é uma realização da Fundação Roberto Marinho e da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo através do Museu da Língua Portuguesa, foi visitada em São Paulo por mais de 250.000 pessoas no período de agosto de 2010 a fevereiro de 2011».
Fonte aqui

domingo, março 27

Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas


Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas,
mas as palavras estão prontas sobre os lábios como
segredos imperfeitos ou gomos de água guardados para o verão.
E, se de noite as repito em surdina, no silêncio
do quarto, antes de adormecer, é como se de repente
as aves tivessem chegado já ao sul e tu voltasses
em busca desses antigos recados levados pelo tempo:

Vamos para casa? O sol adormece nos telhados ao domingo
e há um intenso cheiro a linho derramado nas camas.
Podemos virar os sonhos do avesso, dormir dentro da tarde
e deixar que o tempo se ocupe dos gestos mais pequenos.

Vamos para casa. Deixei um livro partido ao meio no chão
do quarto, estão sozinhos na caixa os retratos antigos
do avô, havia as tuas mãos apertadas com força, aquela
música que costumávamos ouvir no inverno. E eu quero rever
as nuvens recortadas nas janelas vermelhas do crepúsculo;
e quero ir outra vez para casa. Como das outras vezes.

Assim me faço ao sono, noite após noite, desfiando a lenta
meada dos dias para descontar a espera. E, quando as crias
afastarem finalmente as asas da quilha no seu primeiro voo,
por certo estarei ainda aqui, mas poderei dizer que, pelo
menos uma ou outra vez, já mandei os recados, já da minha
boca ouvi estas palavras, voltes ou não voltes.


Maria do Rosário Pedreira


poema desviado daqui

a noite pede música

Poema de los dones/Poema dos dons



Nadie rebaje a lágrima o reproche
esta declaración de la maestría
de Dios, que con magnífica ironía
me dio a la vez los libros y la noche.


De esta ciudad de libros hizo dueños
a unos ojos sin luz, que sólo pueden
leer en las bibliotecas de los sueños
los insensatos párrafos que ceden


las albas a su afán. En vano el día
les prodiga sus libros infinitos,
arduos como los arduos manuscritos
que perecieron en Alejandría.

De hambre y de sed (narra una historia griega)
muere un rey entre fuentes y jardines;
yo fatigo sin rumbo los confines
de esta alta y honda biblioteca ciega.

Enciclopedias, atlas, el Oriente
y el Occidente, siglos, dinastías,
símbolos, cosmos y cosmogonías
brindan los muros, pero inútilmente.

Lento en mi sombra, la penumbra hueca
exploro con el báculo indeciso,
yo, que me figuraba el Paraíso
bajo la especie de una biblioteca.

Algo, que ciertamente no se nombra
con la palabra azar, rige estas cosas;
otro ya recibió en otras borrosas
tardes los muchos libros y la sombra.

Al errar por las lentas galerías
suelo sentir con vago horror sagrado
que soy el otro, el muerto, que habrá dado
los mismos pasos en los mismos días.

¿Cuál de los dos escribe este poema
de un yo plural y de una sola sombra?
¿Qué importa la palabra que me nombra
si es indiviso y uno el anatema?

Groussac o Borges, miro este querido
mundo que se deforma y que se apaga
en una pálida ceniza vaga
que se parece al sueño y al olvido.

Jorge Luis Borges


imagem: Sonja Valentina


porque sim

cantos.leituras. dias maiores


[cantos. leituras. dias maiores. mais luz.
mais longe. a memória]

O melro Coentrão

Tínhamos um pássaro e um ninho. E catorze linhas pela frente.
Foi assim, num destes dias em que eu e o António estudamos juntos.
- Podem ser só cinco linhas, tia?
O António tem oito anos. É bom aluno. Só lhe custa um bocadinho enfrentar catorze linhas.
Amplas catorze linhas a pedirem "conta-me". 
Afinal, ele consegue contar uma história em muito menos.
E tem uma imaginação fabulosa.
[tomara que o António consiga imaginar o quanto eu gosto de estudar com ele!
O quanto gosto de trancar, na minha agenda, as terças-feiras ao final da tarde, como se fossem jóias]
Tínhamos um pássaro e um ninho. E catorze linhas pela frente.
Uma redacção.
Começar. Ir por lá fora, até as catorze linhas nos parecerem, aos dois, apenas um preâmbulo.
- Tia Marta, temos de ter introdução, desenvolvimento e conclusão.
Pergunto-lhe como vai começar a história.
Olha pela janela, olha para mim
- A tia conhece muitos pássaros?
- Alguns.
- Quais?
- Milhafre, pardal, gaivota...
- Eu sei, eu sei...andorinha, águia. Águias são pássaros, não são tia?
E o pardal, como é?
 - Preto. Com o bico amarelo...
- Gosto desse, tia! O pássaro da história é um melro.
Pergunto-lhe se o melro tem nome.
Fica em silêncio. Olha para o lápis, volta a olhar pela janela e, depois, para mim, muito sério.
- A tia conhece o Fábio Coentrão? Não é um jogador do Porto, tia. Mas joga bem.
- Hum...e então, esse jogador também vai entrar na história?
- O melro pode chamar-se Coentrão, tia?

Vamos ao teatro?



[...hoje e sempre. amén...]

sábado, março 26

a noite pede música

Procurei-te em vão pela terra


[...]

Procurei-te em vão pela terra,

perto do céu, por sobre o mar.

Se não chegas nem pelo sonho,

por que insisto em te imaginar?

Cecília Meireles
 
 

Cimo de Vila

«A próxima sessão da Comunidade de Leitores da Almedina junta o escritor Carlos Tê e a ilustradora Manuela Bacelar, autores de um livro recente, belíssimo, onde o Porto se cheira e sente. Chama-se ele «Cimo de Vila» (Edições Afrontamento) e é um tratado poético sobre esse «estado de alma votado à imprecisão» praticado e sentido pelas gentes portuenses. Por aquelas páginas desfilam personagens que costuraram o imaginário de muitas gerações, ruas e vielas que viajam sempre connosco mesmo quando estamos longe, lamúrias e alentos que os portuenses trazem inscritos no seu código genético e arrastam pela vida fora. [Hoje], às 17 horas, no Arrábida Shopping, venham, pois, mergulhar nestas histórias, caminhos e afectos, levados pela mão dos autores. Sempre em jeito de tertúlia, claro!»

Desviado daqui 

...queria tanto, tanto estar lá...


27 Mar - 15:00h no CCB 


«Maria Gabriela Llansol é provavelmente a mais inclassificável das escritoras portuguesas. Escreveu “nas margens da língua” e “fora da literatura”, e viveu vinte anos no exílio da Bélgica, onde colheu inspiração para uma Obra sem paralelo na literatura portuguesa.

O núcleo principal da sua Obra inicia-se com duas trilogias (Geografia de Rebeldes e O Litoral do Mundo) que ensaiam uma releitura da história intelectual e espiritual da Europa, com recurso à metamorfose ficcional de uma ampla galeria de figuras, das beguines medievais e dos místicos flamengos e ibéricos a Camões, de Hölderlin a Nietzsche ou de Bach a Fernando Pessoa. Depois disso, envereda por uma “ordem figural do quotidiano” em cerca de vinte livros reveladores de uma escrita visionária e intensa de grande originalidade, que lhe valeu por duas vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, e que faz jus ao prognóstico de Eduardo Lourenço segundo o qual “Llansol será o próximo grande mito literário português, por paralelo com o próprio Pessoa”. Deixou um imenso espólio manuscrito de milhares de páginas inéditas, em curso de publicação (Assírio & Alvim).
Organização Espaço Llansol».