Diz assim, na contracapa do
DVD:
«Um dos melhores filmes sobre filmes alguma vez feito» (Time Magazine), a Rosa Púrpura do Cairo, de Woddy Allen liberta-se da convenção do olhar cinematográfico para criar uma fábula mágica e "inebriante" sobre a vida, o amor, a ilusão e a esperança. (...) Mostra Allen "no pico da sua imaginação e compaixão, ao registar a magia do cinema em todo o seu esplendor.
Cecília encontra-se completamente viciada em filmes de Hollywood. Fascinada pelo seu novo filme favorito, A Rosa Púrpura do Cairo, fica espantada quando o protagonista (Tom) sai de repente do ecrã para a conhecer. Arrebatada pelo seu charme, Cecília apaixona-se por ele - até conhecer o actor real (Gil) que representa a personagem. Apaixonada simultaneamente por uma personagem de ficção e por um actor famoso, Cecília esforça-se para encontrar a fronteira entre a realidade e a fantasia, que tal como irá descobrir, encontra-se muitas vezes à distância de um sentimento».
Vi este filme, pela primeira vez, com vinte e poucos anos. Ontem, revi-o! E só o revi ontem, porque não havia forma de o encontrar em DVD. Agora, a fnac tem-no disponibilíssimo.
Deixo-vos com um excerto dos diálogos. Fabulosos e com muito humor. Um filme sempre a ver e rever. Digo eu! Entre o a cores e o preto e branco. Para nos situarmos entre ficção e realidade. Sem pipocas!
[Com Tom, a personagem do filme que se apaixona por Cecília e sai da tela do cinema para a ir buscar à sala do cinema ...e levá-la para dentro do ecrã...]
Cecília - Toda a vida quis saber como seria estar deste lado do ecrã.
Tom - Estás a ver a cidade a acordar? É toda tua.
Cecília - O meu coração está a bater tão depressa.
[Ele beija-a e, do outro lado da tela, ou seja, na vida real, aparece o actor (Gil) que representa a personagem e resolve ir até à sala de cinema vazia, mas onde o filme não pára de ser projectado]
Gil - Cecília!
Cecília - Gil, o que fazes aqui?
Gil - Vim aqui para pensar. E tu, o que fazes aqui?
Tom - Ela veio sair comigo. Podes deixar-nos em paz?
Gil - Não, não posso, tenho ciúmes.
Cecília - Tens ciúmes?
Gil - O que é que queres que diga? Não consigo esquecer-te.
Cecília - A sério, Gil?
Tom - Por favor, volta para Hollywood!
Gil - Tenho vergonha de admitir. Lembras-te de ter dito que tinha um brilho mágico? Mas és tu, tu é que o tens. E embora nos tenhamos acabado de conhecer, sinto que isto é verdadeiro.
Tom: Não podes gostar dela, ela gosta de mim.
Gil - Dá meia volta e entra para o filme.
Tom - Nunca mais volto para o filme.
[Entretanto, os restantes actores do elenco do filme que está na tela, observam a cena fora do ecrã e resolvem intervir]
Actor secundário - Não acredito nisto! Lá estão eles outra vez. Tom, volta para aqui.
Gil - Estás a ver Tom, estás a estragar tudo!
Tom - Tu é que estás!
Gil - Se não fosse eu, não existias.
Tom - Não estejas assim tão certo. Podia ter sido representado pelo March ou pelo Howard.
Actor secundário - Enganaste. O teu papel é muito insignificante para atrair uma estrela de renome.
Gil - Insignificante? Que raio de conversa é essa?
Tom - Não sou uma personagem de segunda!
Gil - Não penso em mais nada desde que nos conhecemos. Tenho de passar algum tempo contigo para te mostrar como é a vida quando duas pessoas se amam.
Cecília - A semana passada ninguém me amava, e agora duas pessoas gostam de mim e são a mesma pessoa.
Actor secundário - Fica com o verdadeiro. Nós somos limitados.
Outro actor secundário - Fica com o Tom. Ele não tem defeitos.
Outro actor secundário - Fica com alguém, porque isto está a ficar chato.
Tom: Ela vai ficar comigo. Estás a perder tempo.
Gil: Volta para o ecrã. Estou a tentar dizer à Cecília que a amo.
6 Comments:
Este filme é genial, Marta, ganhou o melhor argumento em 85. Também já o vi mais de uma vez.
beijinhos,
Cristina M.
Só o vi uma vez há muitos anos! Mas como todos os filmes de Allen é para rever!
A última frase do diálogo demonstra todo o drama da sua obra!
Beijos
Depois desta evocação, tenho que rever rapidamente este filme de que tanto gostei.
Se a Cecília, em vez de estar sentada numa sala de cinema, estivesse em casa a ver DVDs, era capaz de não ter tido a sorte de o herói vir ter com ela...
Que, no tempo dos cinemas "a valer", a magia daquela penumbra era uma coisa mágica, de facto.
Vivia-se o que víamos projectado à nossa frente.
Continuo a gostar muito de ir ao cinema.
Mas hoje em dia o espaço é reduzido, a tela é pequena, o som é, na generalidade, mal regulado e... MEU DEUS...há pipocas :))))
Isto é a idade a falar...
Beijinho, Marta.
Apesar do que disse, sou uma grande fã do DVD, note-se...
Tinita e K: tal como eu, gostaram! :) é muito bom. beijos
Ana: sem pipocas; sem comentadores em directo; sem limitação para esticar as pernas no sofá e, sendo inverno, até lareira!
O home cinema, tem muitas vantagens!
Mas realmente, nenhum actor se dá ao trabalho de sair de um ecrã de televisão!!! : ) :) já no cinema ;)
beijo.
e é muito bom, ter-te de volta!
Me deu comichões. Vou rever hoje! beijos
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