terça-feira, setembro 15

Aqui na Terra, na estrada

era tão simples. eu ao volante de uma "pão-de-forma". na bagagem estantes com Aqui na Terra, do Miguel Carvalho. e um punhado de amigos. claro. depois, era só arrancar Portugal fora... e seria este o meu novo trabalho. a levar todos os livros às pessoas.
se souberem de uma vaga avisem :)
enquanto o sonho não se torna realidade, fica a agenda para os próximos dias. anotem aí s.f.f.

18 de Setembro - Guimarães - Associação Convívio, 21:30. Largo da Misericórdia. Com Esser Jorge, Carlos Mesquita e DJ Mike
19 de Setembro - Viana do Castelo - ATL Descansa a Sacola, 16:00. Rua General Luís do Rego, 215. Com João Ogando.
23 de Setembro - Chaves - Sr. Pastel Café. 21:30. Rua do Sol.
imagem: Google

terça-feira, agosto 11

5 estrelas e 6 meninos Jesus

« [...] A reportagem, ensina-se nas escolas, é o género mais nobre do jornalismo. E o lugar-comum deve ser evitado no jornalismo."A reportagem é o género mais nobre do jornalismo" já é um lugar-comum. Mas convém fixá-lo na hora de ler "Aqui na Terra", de Miguel Carvalho, pois terá pela frente 118 páginas da melhor reportagem que se faz em Portugal e nenhum lugar-comum. Apenas retratos de um país onde, mostra o autor, anda mesmo tudo ligado», escreve Ricardo Marques na Actual, do Expresso. E dá-lhe 5 estrelas. Ao livro.
É um livro 5 estrelas e 6 meninos Jesus! Abençoado, portanto! [mas disso eu já sabia...;)]

quarta-feira, julho 15

Aqui na Terra - imagens





Foi uma noite absolutamente fabulástica. De família, amigos, leitores. De beijos abraços, de palavras sábias e emotivas, de autógrafos. Muitos. Cem livros vendidos. Num ápice! Muita comoção. Muitos sentires. Sentidos. Foi lindo! Digo eu, daqui, do meu coração. Em bicos de pés, para me verem sorrir. Tão lindo, tão nosso, de todos. A desaguarmos numa francesinha. Ou não fosse uma noite feliz, no Porto. Onde se abrigam afectos. Afectos para sempre.

segunda-feira, julho 13

Aqui na Terra - lançamento do livro

Esqueçam a capa. Vamos directos ao miolo. É lá que vivem as histórias, que um dia foram reportagens, na sua maioria, da revista Visão e duas do semanário Independente. [Já extinto, como sabemos.] Há uma história inédita. Mas inéditas, vendo bem, são todas porque, de certa forma, são textos reescritos, limados contra o tempo e com espaço. O espaço que só um livro pode dar, porque um livro é um caudal de margens amovíveis. Ao contrário de uma reportagem. E, de certa forma são, também, todas inéditas, porque nunca antes coabitaram entre as capas de um livro. O livro chama-se Aqui na Terra e o autor é jornalista.

Miguel Carvalho é jornalista, mas podia ser antropólogo. Tem alma de. De João Pina Cabral. Por exemplo. O método das entrevistas para, em antropologia, fazer histórias de vida afina, aqui e ali, com o do jornalismo. Há diferenças, claro. E nem o Miguel Carvalho é antropólogo nem o Aqui na Terra é um diário de campo. É muito mais. No entanto, ao lê-lo não consegui deixar de traçar um paralelo. Nem deixar de pensar que estas histórias também tem «aromas de urze e de lama». Adiante.

As histórias de Miguel Carvalho não são sobre uma comunidade específica ou em extinção, ou, ou, ou... Não. O seu “trabalho de campo” foi realizado numa “comunidade” maior. Um país: Portugal. Com muitas histórias dentro. Muitos rumos. Onde o passado recente é memória colectiva. Onde a actualidade está tecendo História. Onde as pessoas são actores, sem hipótese de serem secundários. O papel principal cabe a cada entrevistado.

«O pecador Os últimos dias do padre Max, assassinado em 1976.O altar Em busca dos milagres que Fátima nunca viu. O cónego O sacerdote que não chegou a ser estátua. A seita O hipermercado da fé da Igreja Universal. A purificação Segredos que a vida encerra nos cemitérios. A celebração A aldeia refractária, orgulhosa da sua identidade. O pastor A vida de Hermínio Carvalhinho, antes e depois da fama. A cruz Viagem às profundezas da terra-mártir: Castelo de Paiva. O ritual A estrada da vida à boleia de um motorista de carreira. A agonia O definhamento das aldeias sem crianças. O santuário Homens que erguem o templo das massas. O martírio A ressaca de gerações numa vila do interior. A aparição O homem que ressuscitou ao passar a fronteira. A devoção À procura de Torga, no centro da terra. A via-sacra O fadário de João Correia, vida debaixo da ponte. A romaria O repórter desencontrado em Vilar de Mouros. A religião A aventura no País dos cançonetistas que entram no ouvido. O imaculado O Zeca Diabo português, de língua afiada e bofetada ligeira.»

Aqui na Terra fala-nos de pessoas. Homens. Terráquios. Dá-nos a conhecer episódios do país da última década em múltiplas frentes. O Portugal multitemático como a vida. A vida que supera sempre a ficção. A vida de um país em [foto] grafias tipo passe. Individuais, nítidas, a conferirem identidade a cada reportagem. São testemunhos ímpares. Documentos únicos. Histórias singulares que fazem o Portugal colectivo. Perfulgente. Baço. Comovido. Esquecido. Saudoso. Penitente. Trabalhador. Devoto. Amador. Aleijão. Sofrido. Bizarro. Contente. Sei lá. Muito Portugal.

Esqueçam a capa. Ou não. Não esqueçam. Porque de facto, após a leitura, dá-se a epifania: este Portugal por dentro, escrito por Miguel Carvalho é divino.
Divino e humano. Demasiado humano.



Muito importante: AQUI NA TERRA, editado pela Deriva, é lançado hoje, dia 14 de Julho, às 21.30, no espaço MAUS HÁBITOS, no Porto. A obra será apresentada por Nuno Higino, professor de Sociologia, escritor e antigo pároco de Marco de Canaveses e Zaclis Veiga, Professora de Fotojornalismo e jornalista brasileira. Estão convidados. Sei que sim.

imagem [fotografia da capa] Lucília Monteiro