seguindo as mãos - sim, toco as palavras nas suas superfícies
e utensílios.
A primeira palavra que os olhos viram, agora que a recordo,
parecia uma imagem - sim, um som desenhado como um fóssil
(falo de fóssil, mesmo
que ele demore muito a aparecer no que digo),
um som do tamanho de um azulejo: agora que me lembro que era uma palavra
que brilhava nos meus olhos ao vê-la
(ver uma palavra era uma planta muito diferente,
um oxigénio muito difícil de se respirar).
Sim, agora vejo que falo, embora possas pensar que sigo pelo tacto a escrita.
Sim, eu leio e decifro. E agora sei que oiço as coisas devagar.
Daniel Faria, Poesia, Quasi Edições, 2003
2 Comments:
Com o "há vida em Marta" aprendi a receber pela internet, agora esotu treinando doar... conhece o Evgen Bavcar?
http://obviousmag.org/archives/2007/06/as_trevas_luz.html
seu post me lembrou dele, é um fotógrafo esloveno naturalizado francês.
beijinhos
ah... as palavras.
(estas de daniel faria lembraram-me as de ramos rosa)
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