domingo, maio 1

...a minha mãe não usa...


[...pois não...nem todos os super-heróis usam capa...]

sexta-feira, março 11

Mãe!

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade!

Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro, 1921

[...sim, tenho a mãe mais extraordinária do mundo :)]

domingo, maio 3

Lisboa, a minha mãe e o Sporting

Esta música é para a minha mãe. Ela adora Carlos do Carmo. E suspira, de vez em quando, por Lisboa. Viveu lá. Estudou lá e, foi por lá, que se fez sportinguista! É verdade! Gosto de a ouvir contar histórias. Tanto! Há uma, de Lisboa, de que gosto especialmente por me parecer surreal! A minha mãe foi muitas vezes a Alvalade. Ela e os primos. Levados por um tio - padre - que era Deus no céu e o Sporting na terra! Tanto que - agora sentem-se, por favor, porque é verdade - quando o Sporting perdia, o tio Zé Luís, mandava retirar as cortinas das janelas, substituindo-as por panos pretos! A casa, diz a minha mãe, ficava um mausoléu. Já quando o Sporting ganhava ninguém lhe conseguia estancar a felicidade. Era o céu. A verde e branco! E é por isso que, ainda hoje, a minha mãe segue com devoção discreta e afincada o clube dos leões! Mas, graças a Deus, não muda as cortinas, sempre que o seu clube perde!

sábado, maio 2

...é tudo tão verdade!


Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!

Traz tinta encarnada para escrever estas coisas!

Tinta cor de sangue encarnada, sangue verdadeiro, encarnado!

Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!

Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando eu voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.

Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me ao teu lado.

Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!

Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa.

Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!


Almada Negreiros
[mãe. amo-te. tudo.tanto. infinitos íssimos.para sempre.és linda. muito minha. mãe]