Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
...Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.
Alberto Caeiro in O Pastor Amoroso
4 Comments:
MARTA
DUAS ESCOLHAS PERFEITAS !
Quanto não me sabem neste escaldante dia de praia!
A Natureza que devia estar em sossego é "afogada" por milhares de turistas distraídos...
Um beijo.
Quando eu não tinha algumas coisas era tudo aparentemente mais fácil, mas depois que as tive não posso perdê-las.
Sou...
sim...
um amontoado...
de coisas que construi...
não me vejo sem elas...e quero mais...
amigos...emoções...
principalmente...
beijos
Leca
Ah, Marta,
Que lindo! Bela lembrança. Com carinho do teu leitor,
Carlos Eduardo
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