A campanha eleitoral deu sinais de que o termo “arruada”poderá entrar em definitivo no léxico político-partidário. Vários “jornalistas-seniores” ouvidos pelo Página1 apontam para que a utilização do termo tenha surgido na década de 80, nas campanhas da CDU, mas “arruada”
consta hoje das agendas de todos os partidos. O linguista Salvato Trigo diz, contudo, ser errado o uso da expressão. Sendo certo que “muitas vezes, o uso acaba por consagrar normas”, o termo “arruada” é “canhestro” não estando sequer ”consagrado” nos dicionários.
O reitor da Universidade Fernando Pessoa diz que a alternativa correcta seria “passeata”, termo que não define apenas um passeio ligeiro, já que “também pode ter a significação de uma marcha colectiva”. Salvato Trigo deixa ao Página1 outro reparo sobre a expressão “asfixia democrática”, agora corrente. Trata-se, segundo Trigo, de uma expressão “semântica e sintacticamente errada”, porque “um termo anula o outro”.“Ou há democracia ou há asfixia”, sublinha o reitor da
Fernando Pessoa, defendendo que “não é aceitável conjugar dois termos que são a contradição um do outro, aquilo a que se chama, vulgarmente, em retórica um
oxímoro”. O oxímoro aceita-se “no discurso poético, mas não é possível usá-lo num discurso político sério”, uma vez que “o substantivo não é acompanhado por um adjectivo pertinente”.