A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
Manuel António Pina, in Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância
4 Comments:
Muito bem, Marta.
Adormeceu...
Um beijo.
Sim.
Comprei uma antologia dele essa semana.
Estou fascinada.
É como se as palavras tivessem um olhar.
Beijoss
Bom demais esta leitura!
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