apaga a historia de todos os poemas,
apaga sua própria historia
e até apaga a história do homem
para ganhar um rosto de palavras
que o abismo não apague.
Também cada palavra do poema
faz olvidar a anterior,
se desprende um momento
do tronco multiforme da linguagem
e depois se reencontra com as outras palavras
para cumprir o rito imprescindível
de inaugurar outra linguagem.
E também cada silêncio do poema
faz olvidar o anterior,
entra na grande amnésia do poema
e vai envolvendo palavra por palavra,
até sair depois e envolver o poema
como uma capa protetora
que o preserva dos outros dizeres.
Tudo isto não é raro.
No fundo,
também cada homem faz olvidar o anterior,
faz olvidar a todos os homens.
Se nada se repete igual,
todas as coisas são últimas coisas.
Se nada se repete igual,
todas as coisas são também as primeiras.
Roberto Juarroz
4 Comments:
Marta, que bello tu blog, no he leido todo pues aunque nuestros idiomas se parecen hay palabras que se me escapan, pero te dejo comentario en este post poque particularmente esta poesía me ha gustado mucho.También me gustó mucho la ilustración de "Tivesse ainda tempo entregava-te o coracao" hermosa.
Obrigado, cara Marta, por visitar o meu blog- a traduccao de Gerana há um plus mágico, pois ela tene, em sua casa, o mesmo quadro de Dalí que ilustra minha postagem.
E,aínda mais, é mágico que tú me escrevas desde Porto, a cidade natal de meu admirada Ana Hatherly.
A literatura portuguesa é um continente pra mim: agora estou com Sináis de fogo de Jorge de Sena, um livro exquisito, embora seu trasfondo.
Escreves, também, no Mínimo ajuste? Procuraré ler-te lá e seguir o teu blog, cujo nome é inesquecível
Un abrazo, Ignacio
Marta,
Lindo poema. Não domino o espanhol, mas me parece que a tradução da Gerana preservou a sonoridade e os sentimentos da poesia.
Beijo.
Lindo poema!
Gostei muito do seu espaço!Sensível.
Um abraço
Post a Comment