Tendo convivido muito com Nora e James Joyce durante a juventude – o seu primeiro texto publicado é um ensaio sobre o autor do Ulysses - o irlandês Samuel Becket veio a traçar o seu próprio caminho não só através de textos que exprimem um profundo mal-estar existencial, mas sobretudo pela via do teatro. A sua peça mais decisiva continua a ser À Espera de Godot, escrita em francês, vinda a lume em Paris em 1952, encenada por George Blin no ano seguinte e traduzida pelo próprio autor para inglês em 1955.
Decorrendo à beira de uma estrada no campo, junto de uma árvore, a acção envolve dois dias na vida de Estragon e Vladimir, dois vagabundos que esperam em vão a chegada de um misterioso ausente que nunca virá a aparecer – Godot, cujo nome pode ser legível como um diminutivo de God (Deus). Enquanto dialogam entre si e com mais duas personagens – o arrogante Pozzo e o seu lacaio Lucky – Estragon e Vladimir acabam por extravasar nas suas oscilações de humor (Estragon mais pessimista, Vladimir, apesar de tudo, mais entusiástico) todo o vazio da existência humana, condenada à incerteza, ao negrume e ao sofrimento. Esta obra radicalmente negativa é uma das principais contribuições para o chamado teatro do absurdo e representa um dos grandes símbolos da melancolia e do desespero do século XX.
in Guia da Exposição 100 Livros do Século
terça-feira, abril 28
À espera de Godot
[também é só para dizer que me apetece ir ao TEATRO]
Etiquetas: à Espera de Godot, Escritores, Livros que li, Samuel Becket, teatro
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7 Comments:
Apesar de ter sido apenas seu secretário, Becket é bem melhor do que o seu patético patrão Joyce que, como salientou Borges, não escrevia a pensar no leitor, mas na História da Literatura. Defeito que, aliás, depois dele, se tornou moda.
Seja como for, dentro do género, o meu favorito é Ionesco.
Também não compreendo como é que um tipo que nasce com o inglês como língua mãe acaba a escrever francês. Não devia regular bem da cabeça.
Também gosto de ir ao teatro e em Portugal há muito bom teatro.
Um abraço,
Maria Emília
"Como à espera de um comboio na paragem de um autocarro..."!
Beijo.
tb só para dizer que queria ir ao teatro não era preciso ir chamar o Beckett :)
Podia chamar um táxi.
Parece de facto muito interessante... será fácil encontrar o livro? Acho que nunca na vida estive tão virada para as questões existenciais como agora... fiquei bastante interessada...
E já agora... também me apetece imenso ir ao teatro... já há muito tempo que me apetece muito ir ao teatro...
Beijinhos, obrigada por retribuíres o cmentário! :-)
CA: OBRIGADA!!!! Foi a minha gargalhada do dia :) :) :) :=)
A mim também me apetece. Mas nunca tenho companhia.
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