Eu era de terra quando me procuraste,
estranho à franqueza dos teus actos, baço
para os teus sentidos.
Parávamos o carro num beco qualquer,
queimávamos o rastilho das palavras
até ao deserto onde dávamos as mãos.
Lá fora, a realidade era o espaço inteiro
deitado nos vidros, o mundo caído para dentro
do silêncio.
Gastávamos depressa o tempo, perdidos
no nosso único mapa,
nenhum sinal de mudança no regresso a casa.
Rui Pires Cabral
in Anos 90 e Agora, Uma Antologia da Nova Poesia, pag. 247, Quasi
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