Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Manuel António Pina
[...e, ainda, uma entrevista (2006) feita por Carlos Vaz Marques AQUI]
2 Comments:
conheço alguma coisa dele, não muito, e já publiquei um ou dois poemas. mas este não conhecia. obrigado :))
...até ando preocupado com esta nossa pátria que é a língua portuguesa, que ultimamente só me tem oferecido poesia extraordinária...
também gosto muito desta esplanada.
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