(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo
Manuel António Pina in Ao Porto, Colectânea de Poesia sobre o Porto, pag. 163, Publicações Dom Quixote, 2001
2 Comments:
Marta como é bom passar sempre por aqui e beber dessa literatura linda, maravilhosa e que pouco a pouco, vou conhecendo mais e melhor. Adorei esse texto!
Bjs
um fôlego ..passar por aqui
bj
teresa
Post a Comment