Quanto mais vejo o corpo, mais o sinto
existente em si mesmo, proprietário
de um segredo, um sentido - labirinto
particular, alheio ao ser precário.
Cada corpo é uma escrita diferente
e tão selada em seu contorno estrito
que a devassá-la em vão se aflige a mente:
não lhe penetra, na textura, o mito.
Trabalho eterno: a mão, o olhar absorto
no gesto fulvo e nu da moça andando
como flor a mover-se fora do horto.
Só o pintor conhece como e quando
o corpo se demonstra na pureza
que é negação de tempo e de tristeza.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, novembro 17
Ante um nu de Bianco
Desenho: Leila Pugnaloni in DESENHOS, 2007
Etiquetas: Carlos Drummond de Andrade, Desenhos; Leila Pugnaloni
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